A tragédia que tem sido exibida nos últimos dias em torno do antigo Banco Espírito Santo, e agora coroada com a criação do Novo Banco, deveria merecer do principal partido da oposição uma reação pujante e consistente para marcar a diferença em relação a tudo quanto se pode e deve criticar ao governo e aos reguladores, que tudo fizeram para salvaguardar os interesses fraudulentos de quem esteve na génese de todo este caso.
O problema é que, quando se trata de marcar uma posição política sobre assuntos desta natureza, sai à liça o inefável Eurico Brilhante(?) Dias e o que diz deixa descoroçoado o mais impassível dos que militam no Partido Socialista.
O que veio dizer o referido porta-voz de António José Seguro: que no Rato estão «vigilantes» (???) e pretendem ver poupados os contribuintes a todos os custos deste processo.
Só isto?, pensamos. Na iluminada corte do ainda secretário-geral socialista não há ninguém que seja capaz de discernir quais as questões fundamentais a denunciar nesta altura?
E fica-se a lamentar que ainda não seja o tempo para que venha um João Galamba, um Pedro Nuno Santos ou um Pedro Marques chamar os bois pelos nomes e assim dar voz à indignação sentida pelos portugueses que, uma vez mais, se veem prejudicados por este grande exemplo da excelência da gestão privada, como Nicolau Santos o bem exprimiu na edição de ontem do «Expresso».
O que teríamos desejado ouvir de um porta-voz socialista capaz de fazer oposição a sério e não este indigente fazer de conta, seria:
· a autocrítica de António José Seguro por ter acreditado nas palavras do governador do Banco de Portugal e se dissera descansado quanto à situação no BES;
· a condenação da falta de sentido de Estado do governo, que incumbiu marques mendes de anunciar as decisões de domingo, também elas totalmente assumidas por carlos costa, enquanto passos coelho continuava alegremente a passear-se pela Manta Rota;
· a denúncia de todas as mentiras das últimas semanas - a pretensa solidez do BES, a impossibilidade de contaminação das contas pelos desvarios do GES, a “garantia” de José Eduardo dos Santos que salvaguardaria os défices do BES Angola, etc. - que tornam risível a possibilidade de não sobrarem custos para os contribuintes;
· a constatação da machadada no mercado de capitais, quando se deixam muitos milhares de pequenos acionistas - muitos deles clientes e empregados do banco - a arcarem com os prejuízos de uma gestão ruinosa, mesmos quantos em junho receberam garantias da fiabilidade do investimento na operação de aumento de capital;
· a disponibilização do Partido Socialista para engrossar a vontade política de muitos parceiros europeus disponíveis para combater os paraísos fiscais e os carrocéis de operações entre empresas do mesmo grupo localizadas em diversos países.
Com um discurso desse tipo o PS estaria à altura das circunstâncias, constituindo-se como alternativa a um estado de coisas, que carece ser mudado. Infelizmente de António José Seguro ou dos seus pusilânimes braços-direitos ouvem-se as trivialidades inócuas do costume.
Falta muito para termos, enfim, um verdadeiro líder da Oposição?
Sem comentários:
Enviar um comentário