quarta-feira, 6 de agosto de 2014

As muitas falácias que importa ir desmontando sobre o BES

Com a clareza que lhe conhecemos dos artigos semanais num dos jornais económicos, Pedro Silva Pereira foi à Edição da Noite da SIC esclarecer algumas das mistificações, que andam a ser divulgadas nos últimos dias sobre o caso BES.
Em primeiro lugar demonstrou que a solução encontrada pelo Governo e pelo Banco de Portugal não só irá implicar o dinheiro dos contribuintes, mas sobretudo o facto de já o estar a fazer neste momento. Ao recorrer ao dinheiro facultado pela troika para recuperação dos problemas verificados na Banca portuguesa, já é dinheiro do Estado, que está a ser utilizado e pelo qual os contribuintes andam a pagar os respetivos juros com língua de palmo.
Mas a mesma falácia diz respeito ao Fundo de Resolução, que maria luís albuquerque veio querer impingir como uma espécie de sindicato bancário sem qualquer vínculo ao Estado. Trata-se de uma mentira tão óbvia que o próprio Tribunal de Contas já veio impor o acompanhamento da respetiva utilização por se tratarem de dinheiros públicos.
Que não fique nenhuma dúvida: esse Fundo é alimentado pelas contribuições das entidades bancárias de acordo com os critérios estabelecidos pelo Banco de Portugal e pertence ao Estado para acorrer a situações como a agora verificada.
Mas onde toda a mistificação criada pelo governo em torno do caso BES se torna mais suspeita está no facto de ter saído da reunião do Conselho de Ministros de quinta-feira de manhã um decreto-lei, que na altura não foi divulgado por marques guedes e, prontamente assinado por cavaco silva, foi publicado na sexta-feira à noite, quando os mercados já tinham fechado. Ora esse decreto-lei era indispensável para tornar possível a resolução anunciada no domingo à noite pelo governador do Banco de Portugal.
No entretanto, entre a aprovação desse decreto-lei e a sua publicação houve um conjunto de investidores do BES, que venderam rapidamente as suas ações e causaram a sua queda a pique.
Muito embora a CMVM tenha anunciado que irá avançar com a investigação sobre esses movimentos em Bolsa quando o BES estava na iminência de ser intervencionado, é crível que muitos investidores bem relacionados tenham tido a informação privilegiada para se safarem sem prejuízos de maior.
Uma sorte bem diferente da dos pequenos acionistas, que depois de acreditarem nas palavras de Cristiano Ronaldo e da Dona Inércia, aplicaram as suas poupanças no aumento de capital de há um mês atrás e tudo perderam.
O episódio do decreto-lei clandestino também demonstra bem o conluio, que houve em todo este período entre o governo e o Banco de Portugal.
Por isso mesmo importa desmontar o mais claramente possível a tese de se tratar de um processo exclusivamente da responsabilidade do regulador e que o governo terá acompanhado até à distância sem tirar os calções de banho.
Já conhecemos de ginjeira o que a casa gasta: se as coisas vierem a correr bem, não faltarão discursos de passos coelho e de paulo portas a reclamarem a liderança de toda a operação, mas, se como tudo o indica, elas vierem a dar para o torto o mais conveniente será resguardarem-se atrás do chapéu de chuva de carlos costa.
O que Pedro Silva Pereira não se esqueceu de referir foi que este caso, como o de muitos já verificados e ainda por serem descobertos noutras latitudes, só sucedem pela errada desregulação do setor financeiro, que carece de urgente redefinição dos seus limites.


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