Das notícias, que circularam nos últimos dias, uma que passou quase despercebida foi a da falência do grupo editorial responsável pela publicação do jornal italiano «L’ Unità».
Morreu, pois, uma verdadeira instituição com noventa anos de existência e que conheceu a sua época de ouro com Gramsci ou com Togliati.
Aparentemente trata-se de mais uma confirmação quanto à anunciada morte do comunismo: à exceção deste cantinho à beira-mar plantado ou dos países onde ele foi poder e se tornou caricatura (Cuba, China, Coreia do Norte) a ideologia inaugurada por Marx e aprofundada por Lenine, Trotski, Estaline e Mao, tem dado sinais de total inadequação com as realidades do século XXI e por isso quase desaparecido.
Mas será essa morte definitiva? Será que os sinais evidentes da degenerescência capitalista, quer com os episódios em torno do caso BES entre nós, quer com a demonstração da torpe ganância dos especuladores financeiros responsáveis pela bancarrota da Argentina, não revela afinal um dobre de finados pelo liberalismo selvagem em que se converteu hoje o capitalismo?
Em princípio se as várias tentativas de criação de uma sociedade socialista fracassaram perante as contradições entre o voluntarismo dos que queriam apressar a redução das desigualdades sociais e os que se sentiriam merecedores de padrões de consumo, que aquela redistribuição inviabilizaria, em maiores dificuldades parece estar o ideário capitalista, quando vai vendo desabar os pilares em que sentia assentarem os seus fundamentos. O da Banca, por exemplo, que justificaria desde já o fim da desregulamentação imposta por Reagan e imitada por todo o resto do planeta.
Conclui-se que a aparente morte do comunismo não corresponde a nenhum fim da História. Porque queira-se ou não reconhecer a história da humanidade é a das lutas entre classes. E elas continuam a existir e cada vez mais distanciadas nos seus direitos e rendimentos.
Quem julgar que as coisas continuarão a ser como são, engana-se profundamente!
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