O «Expresso» desta semana traz um texto laudatório sobre António José Seguro da autoria da antiga presidente da câmara do Montijo, Maria Amélia Nunes.
A argumentação para defender o ainda líder é pobrezinha como já vem sendo costume nos que não se envergonham em dar a cara por tão medíocre candidato, mas o parágrafo final acaba por ser risível: “Portugal precisa de um golpe de asa para servir os portugueses. Com conhecimento, visão estratégica, trabalho e honestidade. Com António José Seguro avançamos juntos.”
O primeiro período da frase até é verdadeiro: Portugal precisa realmente de um golpe de asa. Só que os eleitores portugueses já demonstraram que se cansaram de ver Seguro sem pressas e a nem sequer conseguir impulsionar as asas para ameaçar sair de onde está: de aparente líder da Oposição.
Não corrigissem as Primárias o equívoco de ele ter sido testado como secretário-geral do Partido Socialista nestes três anos e arriscaríamos seriamente a forte probabilidade de termos uma coligação PSD/CDS/PS após as próximas legislativas com Seguro a servir de mestre de cerimónias das políticas que passos coelho e paulo portas continuariam a implementar contra a maioria dos portugueses.
Mas detalhemos o segundo período do insólito panegírico de Maria Amélia. Seguro - e pelos vistos os seus pouco exigentes apoiantes! - parecem crer que os conhecimentos necessários para vir a ser primeiro-ministro são os normalmente reconhecíveis nos profissionais de relações públicas, que afivelam um sorriso tipo pasta dentífrica e apertam mãos a quem lhes passa ao alcance!
É que nem sequer arriscam uma maior exigência e apostarem num especialista em marketing, tão falho de imaginação se revela a sua campanha.
Conhecimento sim é o adquirido pelos Políticos com P grande, que passaram por cargos de grande responsabilidade e neles demonstraram as capacidades para serem eficientes nas transformações, que terão liderado. Porque têm visão estratégica, coisa que Amélia afiança encontrar em Seguro, mas mais ninguém vislumbra. Porque estes três anos demonstraram as apostas sucessivamente erradas de um político, que ora apostou na possibilidade do governo cair, ora na hipótese de cavaco silva lhe fazer a vontade, e depois ficou sem discurso para prolongar a longa agonia em que se foi enredando, sempre repetindo os lugares comuns dos comentadores televisivos, quando não mesmo arriscando um populismo capaz de envergonhar o mais complacente dos verdadeiros socialistas.
Mas Amélia ainda vê nele alguém que “trabalha”. Ora, se isso significar passar os dias a percorrer o país de norte a sul a cumprimentar militantes ou meros figurantes de ocasião, pode-se gabar o seu voluntarismo. Mas trabalho a sério, onde o viram aplicado? No Parlamento Europeu onde passou despercebido? Numas Comissões Parlamentares em que se julgou talhado para comendas à conta de “reformas” facilmente olvidáveis?
A exemplo de passos coelho, António José Seguro é o exemplo paradigmático de quem nunca fez nada de notório até chegar às funções atuais e que continua a não querer interiorizar o vazio da sua ação.
E falemos enfim da honestidade tão apreciada por Amélia: a mesma que o levou a sair da bancada socialista e a ir sentar-se com Mário Nogueira nas galerias do Parlamento quando se tratou de torpedear Maria de Lurdes Rodrigues? Ou as muitas vezes que foi dando à imprensa anti-Sócrates os pretextos para ser tido como oposição interna ao então primeiro-ministro? Ou a mesma que o levou a interromper a célebre entrevista a António Costa na TVI para ele se impor à conversa com Constança Cunha e Sá e Paulo Magalhães? Ou quando se considerou vencedor das autárquicas, que resultou do esforço e da competência dos candidatos em causa, sobretudo de António Costa cuja maioria absoluta em Lisboa ocultou os fracassos verificados em muitas autarquias (Grândola, Alcácer do Sal, Beja, Évora, Guarda, Braga, Matosinhos, etc), que “premiaram” a sua errada estratégia ou da promovida por muitos dos seus apoiantes?
Se Seguro continuasse a ser secretário-geral do PS, não avançaríamos juntos. Estaríamos fadados para nos reduzirmos à patética dimensão do PASOK grego!
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