Concluídos os discursos, atirados para o lixo os cartazes e os confettis utilizados para os discursos dos vencedores - ou nem para isso, no caso dos derrotados! - é altura de olhar para as eleições intercalares norte-americanas com racionalidade, sem as emoções de quem as desejou ver traduzidas em resultados melhores para republicanos ou democratas.
É claro que Trump assume-se como vencedor. Tinha de ser, lembrando-me aquele episódio, já aqui contado da minha adolescência, em que perdemos por 64-4 no primeiro jogo oficial de râguebi, mas não contaram os ensaios do adversário, já que o nosso equivaleu a prodigioso sucesso. Nem que o Senado tivesse, igualmente, virado para o lado dos democratas e Beto O’Rourke houvesse ganho o Texas, o pato-bravo de Manhattan nunca deixaria de encontrar o mais estapafúrdio argumento para alegar uma retumbante vitória.
Apesar de sobrarem muitas vozes a considerarem ser mais do que provável a sua reeleição, não apostaria nela um cêntimo. Nestes dois anos até 2020 a demografia continuará a evoluir a favor dos Democratas e as mulheres sentirão uma apetência acrescida para se mobilizarem ao verem como foram determinantes para que haja uma presença feminina mais forte no Congresso. E não me assusta - pelo contrário! - a tendência democrata para uma afirmação mais à esquerda: para radicais do outro lado, importa resposta ainda mais assertiva dos que se lhe opõem.
Num país onde emprego está longe de significar o abandono da pobreza as crescentes desigualdades só poderão dar fôlego à dinâmica anti-Trump, tão só se aprendam nos EUA as lições, que se vão ensaiando na Europa e de que a maioria parlamentar portuguesa constitui inegável detonador.
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