A leitura marxista da evolução da História ensina-nos que os sistemas políticos acompanham os desenvolvimentos das tecnologias. O capitalismo nunca teria tomado a sua forma conhecida sem os meios de transporte, que facilitaram a transação de mercadorias, permitindo a ascensão da burguesia enquanto classe social, e o comunismo não seria exequível sem a Revolução Industrial, geradora do proletariado.
Agora que as vertentes possíveis do primeiro daqueles sistemas - ora na de índole fascista, ora nas suas expressões liberais - dão mostras de não terem soluções para o futuro, e que um modelo falhado de comunismo desapareceu com a queda do muro de Berlim, olhamos para o futuro e vemos uma nova revolução tecnológica a avançar descontroladamente a um ritmo diário, sem que se lhe crie regulação nem estabelecimento de limites.
Será certa a alteração substancial da forma de entender política nas décadas vindouras, mas, como hoje defende Manuel Carvalho da Silva na coluna de opinião no «Jornal de Notícias», “as pessoas não podem ser peças de mecanismos que não controlam”. Sobretudo, quando a recente Web Summit foi palco de alertas por alguns dos oradores—mormente Antonio Guterres - quanto aos riscos decorrentes da implementação acrítica de tais inovações, mormente nas de utilização militar.
Se as novas tecnologias devem melhorar-nos a qualidade de vida, não nos deve condenar a uma ditadura de algoritmos traduzida em desemprego para quase todos e no despoletar de guerras sem sequer obrigar à ponderação de quem carrega no botão detonador.
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