quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Não se justifica que se atirem foguetes ao ar!


Apesar de todas as críticas justas, que se possam fazer às instituições europeias, a União dos 27 países constitui um avanço civilizacional digno de ser defendido contra todos os populismos e nacionalismos. Mudar a relação de forças em Bruxelas e em Estrasburgo será a condição sine qua non para que a esperança em melhor futuro se substitua ao medo quanto ao advento das mais assustadoras distopias.
Espanta que o Partido Comunista se tenha convertido num acérrimo opositor da transnacionalidade continental, aproximando-se perigosamente dos preconceitos da extrema-direita. É que, tendo presentes os textos de Marx, e sobretudo de Lenine, a Revolução do futuro torna-se mais fácil se concretizada numa escala geográfica e populacional mais ampla. É essa, aliás, a essência do internacionalismo, que costumava ser uma das suas principais bandeiras.
As notícias de hoje estão centradas no suposto acordo entre Bruxelas e Londres para exequibilizar o Brexit. Mas merecem, assim, tanta relevância? Acredito que não será caso para atirar foguetes ao ar, sobretudo porque o consenso anunciado dificilmente será aprovado no parlamento inglês. Ele limita-se a ser a derradeira tentativa de Theresa May para evitar o que já adivinha: a sua passagem à reforma  antes ou depois de eleições, que poderão resultar num corte abrupto entre as ilhas britânicas e o continente, ou na reversão total do processo de separação.
Encaminhe-se para uma ou outra direção, a História reterá o Brexit como o primeiro sinal de uma ascensão nacionalista, que terá conhecido derradeiros lampejos na eleição dos governos de extrema-direita em Itália e no Brasil, mas tenderá a infletir-se à medida que a falsa novidade das propostas dos seus líderes embater com a realidade dando a provar aos eleitores o veneno em que, incautamente, confiaram.
O futuro da Humanidade terá de assentar em bases colaborativas totalmente opostas à competitividade chauvinista dos que alienam os eleitores com prosápias nacionalistas.

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