domingo, 4 de novembro de 2018

Quando as direitas perdem o decoro


No «Público» o historiador Manuel Loff corrobora o que tenho constatado nos últimos tempos: “quando a extrema-direita ganha escala e atrai uma parte tão significativa da direita clássica, esta não hesita em colar-se-lhe.” Por isso mesmo não surpreende que Jaime Nogueira Pinto ou Nobre Guedes de forma entusiástica, e Santana Lopes, ou diversos dirigentes menores do CDS, manifestassem explicito apoio ao jagunço brasileiro.  As nossas direitas só são democráticas na aparência, e enquanto lhes convém. Quando tomam as rédeas do poder ostentam toda a arrogância de que um qualquer fascista é capaz...
Se os partidos institucionais das direitas ainda vão revelando algum recato na expressão do que, efetivamente, pensam, os novos partidos que se estão a criar - desde a Aliança do antigo provedor da Santa Casa ou o Chega do ex-autarca laranja de Loures - procuram dar um passo adiante nessa radicalização, que não hesitará em servir-se da xenofobia e dos preconceitos para conquistarem prosélitos contra todas as causas fraturantes, que se normalizaram, e as que, como a eutanásia, possam perfilar-se como as próximas a ganharem reconhecimento legal. Através dessas disputas ansiarão alcançar o que mais lhes importa:  o poder de, através da liberalização total do mercado nacional, sobretudo nos direitos e garantias de quem trabalha, garantirem o ambiente «facilitador de negócios», que os seus financiadores tanto almejam.
O problema será a escassa aceitação que esses propósitos anticivilizacionais merecem da maioria dos portugueses por muitos recrutas, que contem nas claques de futebol, nos bandos de motards, nas arenas tauromáticas  ou nas acéfalas ovelhas de cultos religiosos vários.

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