Vladimir Putin não me merece simpatia, mas o homólogo ucraniano ainda muito menos. Se um fez a Rússia manter-se num regime repressivo e incapaz de se desenvolver à medida das suas potencialidades, o outro - um oligarca! - julgou-se talhado para marioneta dos interesses ocidentais, desejosos de eliminarem de vez o perigo russo se recuperada a dimensão de superpotência. Daí que compreenda a decisão do Kremlin em recuperar uma península historicamente ligada à Rússia desde há muitos séculos e que Krushev terá dado à sua Ucrânia natal numa noite de bebedeira, como o recordou ainda ontem Miguel Sousa Tavares na sua rubrica semanal na TVI.
Até porque a maioria da sua população é russófona a Crimeia voltou para quem legitimamente a pode e deve reclamar. Que a NATO não o queira aceitar compreende-se! Sobretudo porque procura nos confrontos a leste a razão de ser para justificar uma existência, que deveria ter cessado quando o Pacto de Varsóvia se extinguiu.
Existe outra razão de tomo para estar contra a Ucrânia na guerra permanente com a Rússia desde que as agências de espionagem ocidentais trataram de suscitar um golpe de Estado em Kiev: o retorno dos movimentos nazis que, durante a Segunda Guerra Mundial, colaboraram ativamente na repressão dos seus compatriotas e agora recuperaram a liberdade de movimentos para se exprimirem com o maior dos à-vontades. A nazificação da sociedade ucraniana não é um risco sério, pois passou a ser ameaça muito grave com grande exequibilidade de se vir a concretizar. Ora, se essas mesmas agências ocidentais cuidaram de apoiar ativamente terroristas, quando assumiram o objetivo de derrubar Bashar al-Assad (e anteriormente Kadhafi ou Saddam Hussein), também não se coibirão de tomar como instrumentos dos seus objetivos os criminosos, que ostentam a suástica com repugnante orgulho.
Há ainda uma outra razão - e essa é de enormíssima pertinência - para a provocação encomendada pelo regime de Kiev aos tripulantes das três embarcações, apresadas pelas autoridades russas. Petro Poroshenko tem a popularidade nos mínimos mais risíveis e admite-se que, nas eleições presidenciais de março, conte com votação humilhante. Esta manobra figuraria, assim, como tentativa de recuperar apoio junto dos eleitores à conta de uma bravata, afinal com presumíveis razões para lhe correr mal...
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