sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Querem-nos levar à certa com os futebóis!


Ontem à noite, antes de acorrermos a compromisso pós-jantar, quisemos informar-nos do rumo dos acontecimentos nacionais e internacionais, pelo que andámos a zappingar pelos três principais canais de informação (o outro, o ligado ao pasquim da Cofina, está num índex pessoal, de que nunca se livrará!!!). Os minutos foram-se sucedendo, desde o início dos telejornais, e a constante manteve-se em todos eles: pelo menos durante um quarto de hora dedicaram as notícias de abertura ao despedimento do treinador do Sporting.
Indignados com uma tão injustificada primazia dada a questão tão secundária, desistimos e transferimos a atenção para assuntos bem mais interessantes. Desconheço, pois, por quanto tempo se prolongou a telenovela, mas ela indicia a persistência de um dos mais aberrantes éfes, que costumávamos verberar nos tempos do salazarismo. E isso é preocupante, porque a secundarização do que deveria ser priorizado nos canais informativos, contribui para a degradação da consciência cívica dos cidadãos. Desviando-os do essencial - as questões políticas e económicas, que possam condicionar o futuro das suas famílias! - essas ferramentas de alienação contribuem para que se tornem presa mais fácil de populistas dispostos a irem-lhes ao encontro de preconceitos enquistados só superados com persistente esforço educativo.
Quando nos queixamos da ascensão de gente infecta como o jagunço brasileiro, o mafioso italiano ou o fascista húngaro não podemos alhear-nos da responsabilidade dos meios de comunicação, que se demitem do imperativo de modificarem as consciências coletivas para direção mais civilizada, e empurrando-as para o trogloditismo inerente às paixões clubísticas.

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