sábado, 3 de novembro de 2018

Sobre o absurdo de se perfilharem paixões clubísticas


A notícia mais enfática da primeira página do «Expresso» tem a ver com a ostracização dos clubes portugueses por quem anda a congeminar a organização de uma grande Liga Europeia com os maiores da Espanha, Inglaterra, França, Itália e Alemanha - muitos dos quais detidos por plutocratas do Médio Oriente - e que abocanhariam a percentagem mais significativa das receitas publicitárias e das transmissões televisivas. Impossibilitados de acederem a tal Liga, a menos que se vissem objeto de interesse de um desses investidores, não restaria ao Benfica, ao Porto ou ao Sporting senão conformarem-se com a sua apagada e vil tristeza, servindo apenas de alfobre de jogadores, onde os outros se limitariam a vir escolher os melhores. No fundo, e sem surpresa, temos o capitalismo selvagem à solta nos estádios europeus!
Temos, pois, o futebol como um fenómeno, que de desportivo tem pouco ou nada. E que torna tão absurda a adesão clubística, quanto se viesse a traduzir por entusiasmo com os confrontos em bolsa entre a Morgan Stanley e a Goldman’s Sachs, ou entre a Shell e a BP.
Explica-se, assim, que me alheie cada vez mais do que se passa nos campos de futebol e denuncie o potencial de alienação de que os exploradores se servem para distrairem os explorados. No fundo os imperadores romanos já a sabiam toda quando davam aos  súbditos os confrontos entre gladiadores...

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