segunda-feira, 12 de novembro de 2018
Populismos, oportunismos e outras canalhices
1. Não simpatizo nada com Bruno de Carvalho, associando-o a um tipo de populismo, que se aproxima notoriamente dos fenómenos fascistas. Nem tão pouco me deixei sugestionar pelo discurso do coitadinho personificado pelo seu advogado.
Há, no entanto, algo que me incomoda numa operação iniciada num domingo ao fim da tarde. Qual seria a diferença se tivesse avançado nesta segunda-feira de manhã? Não consta que os dois arguidos estivessem em vias de fugir do país ou a eliminarem provas à lufa-lufa.
Põe-se, pois, a questão: ter-se-á justificado só para que os seus intervenientes ganhassem umas horas extraordinárias? Ou para prosseguir com aquela ideia tão acarinhada pela procuradora-geral cessante de fazer da Justiça um espetáculo mediático destinado a impressionar as famílias reunidas em frente aos ecrãs televisivos antes de iniciarem mais uma semana de trabalho?
Não duvido que populistas aparentados a valores fascizantes optassem por esse tipo de falta de escrúpulos. Só que uma sociedade democrática, que se pretenda bem mais civilizada do que trumps, jagunços e Cª, tem de se comportar com uma decência, aqui ausente.
2. Nunca gostei de invocações de orgulho nacionalista, que sempre me fizeram rebuscar a célebre frase de Samuel Johnson: “O patriotismo é o último refúgio do canalha”. Daí que uma profissão-de fé de Manuel Alegre quanto a essa índole, que tanto utilizou para venerar Melo Antunes ou saudar o caricato aspirante a herdeiro do trono, como a verberar Cavaco Silva, sempre me causou súbita urticária.
Execro o nacionalismo, que Romain Gary definia como sinónimo de ódio aos Outros, e não subscrevo o patriotismo, definido pelo mesmo escritor como o amor aos nossos. A bandeira e o hino nada me dizem e é-me indiferente se a seleção portuguesa ganha ou perde. Na realidade continuo a considerar que as paixões clubísticas - mero sucedâneo desses fervores irracionais! - são nefastas. Razão acrescida para considerar urgente a mesma política dos ingleses em relação às claques dos clubes de futebol: devem ser pura e simplesmente extintas.
3. Anda, igualmente, a irritar-me a luta empreendida por certos sindicatos - dos professores, dos enfermeiros, dos juízes ou dos polícias - contra o governo. Estou de acordo com o que Joaquim Vassalo de Abreu escreveu ontem ao apodá-los de oportunistas por esquecerem “como que por encantamento, do que foi o seu comportamento, detestável, inacreditável e de impossível esquecimento, durante o governo da sua e deles PAF, das trevas e da Troika!”
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