1 . Que seria da nossa imprensa sem um bom escândalo ou uma lamentável tragédia? Que fariam aos jornalistas em regime de precariedade, que são mandados para as portas dos tribunais ou para os locais onde incêndios ou derrocadas tenham causado perdas de vidas?
Há dias tive de concordar com quem discordo em quase tudo - Luís Pedro Nunes -, quando o vi criticar o espetáculo pornográfico de horas e horas de emissões televisivas por causa do antigo presidente do Sporting. Agora a chusma de abutres mudou-se para a estrada entre Borba e Vila Viçosa repetindo-se na mesma falta de novidades, enquanto uns senhores pomposos, armados em especialistas das mais variadas artes, enchem chouriços em estúdio, só para lhes permitirem comer uma bucha ou ir à casa de banho.
Felizmente que há o zapping para atender a coisas mais interessantes, mas quantos se livram dessa tóxica acomodação a que se sujeita a maioria dos telespetadores do país? E não esquecendo a solução radical, quase sempre mais produtiva de desligar o aparelho e dedicar a atenção ao que de melhor se pode fazer na vida...
2. Cheguei a duvidar que Marcelo fosse à raia alentejana por causa da tragédia do momento. A fraca densidade populacional dá pouco ensejo a beijinhos, a abraços e a selfies e, só muito enviesadamente se podem inventar argumentos para imputar ao governo a responsabilidade do sucedido. Hélas!, a câmara para onde os dedos apontam, até nem sequer é liderada por nenhum dos partidos da maioria parlamentar!
Era esquecer que o inquilino de Belém anda com poucos compromissos de agenda, justificativos do aparecimento nos telejornais. E ei-lo, pois, a tempo de assistir in loco à traslação do primeiro corpo das vítimas do aluimento. Logo à noite não lhe escapa mais um minutinho de fama à hora do jantar dos que adivinha seus potenciais eleitores.
3. Não gosto de Rui Rio, mas reconheço-lhe a frontalidade de dizer o óbvio: os órgãos de soberania não fazem greve por muito que os senhores juízes o queiram esquecer. Mas será coincidência que essa corporação só empreenda formas de luta quando são os socialistas quem lideram os governos?
4. O «Público» traz um dossiê interessante sobre a redução significativa dos casais interessados em adotar crianças albergadas em locais de acolhimento. Mas qual a surpresa? Os cinco anos de entroicamento direitista, que precarizou a vida de tantos portugueses, levaram-nos a tomar acrescidas precauções quanto a assumirem responsabilidades familiares. Os números da natalidade assim o dizem: quando nem para os do próprio sangue se ganha apetência pela criação de novas vidas, que dizer da possibilidade de tomar como suas as que provém sabe-se lá de que traumatizantes tragédias familiares?
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