Durante a semana que passou as televisões deram conta do protesto das populações da Batalha e do Pombal contra os furos para prospeção e pesquisa convencional de petróleo nos seus concelhos. Ora, se há quem tenha total falta de legitimidade para criar este facto político é, de facto, quem é eleitor em tais autarquias. É que, não só as concessões em causa foram atribuídas pelo ministro do Ambiente de Passos Coelho - Jorge Moreira da Silva - cinco dias antes das últimas eleições legislativas, como, quer nelas, quer nas autárquicas de 2017, o PSD continuou a ser quem mais votos recebeu. E o somatório das direitas até deu entre 65 e 75% nos resultados finais de ambos os concelhos.
O que querem afinal quem assim votou? Se gostam tanto de políticas, que cheiraram claramente a esturro nos dias em que os seus promotores adivinhavam-se em vias de serem arredados do poder, porque protestam contra elas? Porque hão-de exigir de um governo, que não quiseram apoiar, uma decisão contrária aos de quantos lhes iam, e parecem continuar a estar, nos afetos partidários?
Eu sei que posso estar a ser injusto. Admito que os contestatários pertençam às minorias derrotadas nessas mais recentes autárquicas. Mas tê-lo-ão sido, ou pertencerão àquele núcleo duro de irredutíveis militantes das direitas sempre prontos a manifestarem-se ruidosamente quando, independentemente das razões em causa, podem-se sentir realizados com a contestação às esquerdas?
Não simpatizando com eventuais explorações petrolíferas no país - mas reconhecendo que os hidrocarbonetos continuarão a ser imprescindíveis na economia do futuro por muito avanços, que as energias renováveis conheçam! - antipatizo deveras com esses manifestantes, que aposto estarem contra aquilo que, em urna, quiseram defender.
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