quarta-feira, 23 de maio de 2018

A diferença de ter um primeiro-ministro competente e confiante


Acompanhando o debate quinzenal desta tarde, mais uma vez convertido num passeio de António Costa perante a indigência das questões colocadas por Fernando Negrão e Assunção Cristas, é melhor não aprofundar o que foi um espetáculo, que chegou a ser constrangedor pela debilidade manifesta dos oponentes do primeiro-ministro. Basta referir que a Negrão, apostado em falar do Serviço Nacional de Saúde, António Costa limitou-se e lembrar-lhe a pertença a uma bancada que, no momento decisivo, votou contra essa conquista de Abril e a Cristas voltou a lembrar-lhe que estava ali como primeiro-ministro e não como secretário-geral do Partido Socialista, algo que ela como catedrática de Direito, deveria estar mais do que ciente. Também Catarina Martins e Heloísa Apolónia, subitamente tomadas de um discurso particularmente agreste, tiveram de ser remetidas para a incongruência dos respetivos argumentos, que pretendiam ver o governo quebrar contratos ou revogar pareceres técnicos, independentemente dos custos previsíveis em ulteriores querelas judiciais ou mesmo negociais com quem tem de manter a fiabilidade institucional.
Ao  corroborar a confiança e a consistência com que António Costa respondia a sucessivos ataques da oposição e aos remoques das ambíguas apoiantes, lembrei-me de uma fotografia inserida na mais recente edição semanal do «Expresso» e que, substituía por si mesma as proverbiais mil palavras: tirada na última Cimeira Europeia em Sófia, víamo-lo a pôr as mãos nos ombros do fascista húngaro, como que sugerindo a necessidade de o empurrar mais para baixo, e fazendo rir a primeira-ministra inglesa.
Ele tem-se sempre distinguido pela positiva relativamente ao que era o comportamento de Passos Coelho nessas mesmas ocasiões, mas esta fotografia explicita-o melhor do que outra prova. Enquanto o entroikado ex-primeiro-ministro entrava ali a medo e quase parecia pedir para que nem sequer dessem por ele, António Costa vai confiante para as reuniões com os parceiros europeus, faz sentir a sua presença e anima as hostes, mesmo quando elas têm todos os motivos para estarem deprimidas. Confirmava a legenda: “Dizem que Costa passa bem na Europa: se querem descontração e um sorriso, chamem o António!”
Se a atitude de Passos Coelho nos dava vergonha, a convicção de António Costa só nos pode galvanizar. E é muito diferente ter um primeiro-ministro, que sabe o que quer, como quer e como planeia continuar a fazer, de outro manifestamente incompetente, ansioso pelas diretivas dos schäubles para dar a aparência de ter alguma ideia concreta de como «bem governar»...

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