quinta-feira, 10 de maio de 2018

Entre indicadores positivos e fugas em frente das direitas com a Constituição na mira


Indiferente à hostilidade malcriada das direitas políticas, e maliciosa das que as acolitam nos jornais e televisões, o governo prossegue o rumo e acumula bons resultados nos indicadores periodicamente anunciados pelo INE. Desta feita foi o da redução da taxa de desemprego para 7,9%, percentagem que poucos apostariam possível há dois anos e meio, quando a equipa liderada por António Costa iniciou a recuperação do país devastado pelos quase cinco anos de passismo-portismo mais ou menos entroikado.
Por não encontrarem matéria mais suculenta para darem substância ao que possam discursar, Rui Rio e Assunção Cristas apostam agora numa eventual revisão da Constituição, a pretexto da reforma da Justiça. É claro que quem viu a nossa Lei Fundamental ser consecutivamente distorcida nos seus conteúdos mais avançados por sucessivas alterações, que deram cobertura às privatizações do setor empresarial do Estado e a outras negociatas, que só beneficiaram a elite empresarial, mas prejudicaram a maioria dos cidadãos, qualquer tentativa de mudança, sobretudo se promovida pelos partidos das direitas, merece total desconfiança. Sobretudo, quando se adivinha nelas a possibilidade de, a pretexto do combate à corrupção, facilitar a judicialização da política portuguesa, por que torcem juízes e magistrados.
Para se alcançarem esses objetivos não é preciso alterar o reequilíbrio entre os três poderes consagrados naquele texto fundamental: basta por exemplo que Marcelo Rebelo de Sousa deixe de impedir a aprovação da proposta de lei do Bloco de Esquerda sobre o sigilo bancário, que nos possibilitaria, por exemplo, conhecer quem são os principais responsáveis pelo crédito malparado nos diversos bancos, algo que arrepiou de susto Carlos Costa e decerto não deixa tranquilos os partidos das direitas, provavelmente confrontados com a denúncia como caloteiros de muitos dos seus principais apoiantes e financiadores.
E como estamos em maré de lembrarmos as ambições desmedidas dos figurões, que têm mandado nos sindicatos dos juízes e magistrados, podemos considerar que fizeram escola quando tiveram o Grupo Espírito Santo como principal financiador de um Congresso vistoso em que quiseram publicitar o seu poder tido como emergente. Agora foram os nutricionistas que, para garantirem a concretização de idêntica iniciativa, pediram e conseguiram o patrocínio da Coca Cola e da McDonald’s.
Está-se mesmo a ver a coincidência entre o que é a alimentação saudável e essas conhecidas insígnias, não está?

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