Reiteradas vezes tenho aqui feito “profissão de fé” de ateu. Não acredito em qualquer sentido de transcendência, nem em nada que justifique ficar-me pelas meias tintas dos agnósticos. Aquilo que alguns atribuem a um qualquer deus acaba, mais tarde ou mais cedo, por ganhar uma explicação científica e , como tal, restringindo-se ao funcionamento da matéria. E sinto-me muito bem acompanhado nestas convicções por gente que muito admiro como Christopher Hitchens, Richard Dawkins, Philip Roth, Stephen Hawking ou Woody Allen.
É por isso que faz todo o sentido a reação da jovem estudante Chloé Geneste, quando os jornalistas a questionaram, sobre a solidariedade internacional para com as vítimas dos recentes atentados em Paris: “Digam que estão a pensar em nós, não digam que estão a rezar por nós, porque é por aí que começam as complicações”.
Atualmente não são só os psicopatas do Daesh a chacinarem quem não segue a sua singular forma de ver o Islão. Noutras partes do mundo há povos perseguidos, torturados e assassinados só por não seguirem os credos maioritários dos sítios onde vivem. Por exemplo os tamiles foram mortos ou expulsos do Sri Lanka pelos hindus. Os muçulmanos Rohingyas do Myanmar estão a ser mortos à fome pela populaça agitada por monges budistas e nem Aung San Suu Ky lhes promete valer apesar da vitória eleitoral com uma esmagadora maioria absoluta. E há igualmente muçulmanos a serem abatidos por hindus na Índia.
Não esqueço, igualmente, o sentido de «bondade» dos católicos nos tempos da Inquisição ou, mais recentemente, na América do Sul, quando grande parte do seu clero foi conivente, senão menos cúmplice, com as ditaduras militares.
Estou, pois, com o que dizia José Saramago quando defendia a mesma perspetiva ateia, que é a minha: “Não suporto a maldade e a hipocrisia que cresceram à sombra não só do cristianismo, mas das religiões em geral, que nunca serviram para unir os homens”.
A verdade é que a Humanidade viveria muito melhor sem a crença em qualquer deus...
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