O facto de estar ausente de Portugal nos próximos dias priva-me do prazer de assistir aos debates parlamentares sobre o programa do Governo, que anda a deixar a direita mergulhada em dúvidas existenciais: apresentar ou não uma moção de rejeição, eis a questão!
Que sim, defende portas, temeroso de ver Costa vangloriar-se da completa rendição da direita à falência da sua esgotada tese sobre a suposta “ilegitimidade” da nova solução governativa.
Que não, apostam alguns dos colaboradores de passos coelho, intimidados pela possibilidade de se ver a direita novamente derrotada pela grande maioria de esquerda pela segunda vez em poucos dias. O que consolidaria a ideia de uma convergência de vontades do PS, do BE, do PCP e do PEV muito para além do que a direita gostaria de ver demonstrada.
Andamos a viver um período muito estimulante em que a capacidade de iniciativa política está toda na esquerda e a direita anda embrulhada nas suas contradições, sendo estas o espelho dos seus sucessivos «inconseguimentos» ideológicos.
Se António Costa repetir na liderança do país a mesma habilidade com que soube transformar Lisboa, a direita está metida num grande sarilho. Porque todas as estratégias em que apostou nos últimos anos, desde a mais despudorada mentira à deturpação habilidosa dos argumentos adversários, tenderão a esbarrar na impassibilidade da caravana governativa. Que continuará a avançar enquanto vai deixando pelas costas quem mais não poderá fazer do que latir...
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