É bem conhecido o efeito de se atacar deficientemente um ninho de vespas: ou se aposta em queimá-lo com a maior rapidez, impedindo que elas saiam cá para fora, ou arriscamo-nos a ser delas vítimas de furiosos ataques.
O combate ao Daesh deveria ter tido essa eficácia: uma concertação entre russos, iranianos e sírios de um lado, e curdos, americanos e franceses do outro seria um poderoso sinal contra o terrorismo internacional. Mesmo sabendo-se o quanto essa convergência desagradaria aos sauditas, aos qataris e, sobretudo, aos israelitas.
O que aconteceu esta semana em Paris é a demonstração do que pode continuar a suceder enquanto se ataca o ninho inimigo sem a necessária determinação. Algumas das «vespas» podem continuar a sair cá para fora e a causar danos como os agora constatados.
Gradualmente o ocidente vai compreendendo o erro de ter transformado Bashar al Assad no seu maior inimigo: dando ouvidos a Erdogan, que teme pelo fracasso dos seus planos para incrementar a dimensão totalitária do seu regime e por isso apoiou os salafistas na esperança de os ver destruir os curdos, ou a Netanyahu, cujas comprometedoras cumplicidades com o Daesh andam a ser divulgadas, os franceses e os norte-americanos são os maiores responsáveis pelo que vem sucedendo naquela região do Médio Oriente.
É lamentável que Hollande tenha necessitado de cento e trinta mortos para rever a lógica das suas opções estratégicas. Talvez se consigam enfim criar as condições para que o exército de Assad por um lado, e os peshmergas por outro, tenham vitórias cada vez mais determinantes para a derrota definitiva de tal fenómeno terrorista. Mas tudo seria bem mais fácil se uma poderosa coligação internacional avançasse sem tibiezas para a libertação sucessiva dos territórios ainda ocupados na Síria e no Iraque...
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