terça-feira, 3 de novembro de 2015

Entre o Diácono Remédios e Godot

1. Convenhamos que o novo ministro da administração interna andou-nos a fazer falta nos últimos meses da desgovernação de passos coelho. Se tivéssemos contado com calvão da silva em vez daquela senhora de ar permanentemente assustado, que não conseguia dizer duas frases seguidas em frente aos microfones da comunicação social, o divertimento seria garantidamente maior. Porque não é todos os dias, que temos o direito a remakes do inesquecível Diácono Remédios, zzz, zzz…
A forma como falou da intempérie, que transformou Albufeira num cenário de catástrofe e se quis fazer provedor das companhias de seguros - acusando os que não tinham apólices de serem culpados pela sua própria desgraça! - só conseguiu ser superada pela que assumiu para lamentar a morte do octogenário cujo carro foi arrastado pela enxurrada em Boliqueime.
Afinal o lente de Coimbra, que julgávamos já comprometido com o seu parecer em favor de ricardo salgado, é muito mais “rico” em substância do que julgávamos, porque não desmerece desse outro, que há quase um século ali começou a dar aulas vindo de Santa Comba Dão e faz jus ao apelido na beatice, só nos ficando a faltar saber se não terá também uma qualquer maria a confidenciar-lhe “milagres” da Srª de Fátima...
2. Muito oportuno o texto de Cipriano Justo que, no «Público» celebrou a chegada do senhor Godot.
De facto andámos tanto tempo a esperá-lo, que já desesperávamos quanto à hipótese dele se fazer realidade.
Alteração do posicionamento do PCP quanto a uma união das esquerdas em Portugal? Conjugação de todos os partidos para marginalizarem a direita troglodita? Convenhamos que já muitos de nós julgavam não ter vida suficiente para assistir a tamanha mudança.
E, no entanto, ela concretizou-se dando, uma vez mais razão a Galileu, quando aludia ao movimento ininterrupto da Terra.
Conclui o articulista, que resgatou a peça de Samuel Beckett para caracterizar a atualidade política portuguesa: “Agora que, finalmente, está entre nós, senhor Godot, com os votos de que tenha vindo para ficar, havemos de ter o engenho para, juntos, começarmos a reparar o que está desconcertado. A jornada, sabemos, vai ser longa, os resultados começarão por ser escassos e por vezes a impaciência vai ser muita. Mas também sabemos, como diz aquela personagem de A Mandrágora, Calímaco, que “uma coisa gera outra e o tempo gera todas”. Porém, aquilo que tornará a sua presença inquestionável, mesmo a alguns daqueles que agora estão prestes a partir, é dar os sinais certos, o principal dos quais é fazer o que disser que vai fazer, e o que fizer seja para ser distribuído segundo o princípio do que é prioritário distribuir e a quem distribuir.
Para o que deve contar, é exigir que as leis da República para serem republicanas passem a ser outras, que doravante uns possam diferentes, mas não sejam desiguais dos outros”.


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