Sempre tive a nítida perceção de existir uma correspondência metafórica entre o que se passa na política e no futebol. Por isso olho para a situação de José Mourinho no Chelsea e para a de passos coelho como líder do PSD e é irresistível estabelecer uma comparação pertinente.
Comecemos pelo treinador do clube inglês que, após sucessivas derrotas na Liga inglesa, está a aproximar-se perigosamente da linha de água abaixo da qual ficam os que descem de divisão.
Uma das imagens que, há muito sinto colar-se a José Mourinho é a revelada por um amigo meu, que terá assistido a uma cena paradigmática do seu estilo, quando ainda estava no F.C. Porto.
Um dia, quando esse amigo estava no Hotel da quinta das Lágrimas em Coimbra, assistiu a um ruidoso banzé dos jogadores portistas no floyer enquanto esperavam pelo autocarro para os levar ao estádio onde defrontariam a Académica.
O incómodo ainda continuou quando surgiu Pinto da Costa a descer as escadas, mas logo se silenciou quando, atrás dele, apareceu Mourinho.
Enquanto se aproximava, ele limitou-se a fazer um movimento de cabeça para o grupo, ordenando-lhe que o seguisse, e, disciplinados, em perfeito silêncio, os jogadores enfileiraram atrás dele a caminho do veículo entretanto estacionado à porta.
Pode-se dizer que passos coelho andou a conseguir este tipo de liderança nos últimos quatro anos. Valendo-se da maioria absoluta garantida pelos eleitores em 2011, ele meteu paulo portas no saco e tratou a oposição, particularmente o PS, com a maior das arrogâncias. Não admira que, hoje, sinta, o devido pagamento dessa jactância. E sabemos bem o que sucede a quem perde o poder absoluto: abandonado pelos seus, arrisca-se a conhecer os dissabores hoje sentidos por Mourinho a quem os seus jogadores estão a cuidar de “fazer a folha”.
Por isso será extremamente curioso assistir ao seu desempenho enquanto líder da oposição: perdida a aura do poder, tudo se conjuga para que, nos próximos tempos, tudo lhe corra mal...
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