“O país empobreceu menos do que parece. O país já era pobre, vivia era com vida de rico” é uma frase bem definidora de quem a disse: vítor bento, o conselheiro de particular afeição do inquilino do palácio de Belém.
Se Ulrich já nos habituara a uma convivência difícil dos banqueiros com a capacidade para emitirem opiniões com algum sentido de decência, o novo rosto do BES será um rival digno daquele quando se tratar de comparar os disparates falhos do mínimo escrúpulo mediaticamente emitidos.
A seu respeito estranha-se que vozes honestas o deem como racionalista de pensamento. É o caso de Pedro Santos Guerreiro, que assim o classifica no artigo onde dá conta da indigitação para o ex-banco da família Espírito Santo. Porque racionalista é aquele que congrega dados de diversas origens e sem preconceitos alinha-os para uma conclusão sintética. Ora isso é precisamente o contrário do que vítor bento faz atualmente, quando alinha com o discurso mais teimosamente austeritário e fez, quando foi verberando José Sócrates com um tipo de argumentação como não se via desde que Maomé decidiu execrar o toucinho.
Nesse sentido os portugueses nada ganharam com a troca do defunto antónio borges por este seu replicante: o mesmo proselitismo sobre o despesismo dos portugueses e a necessidade de ainda mais baixar os salários de quem trabalha só não constitui uma cópia fiel do que costuma dizer césar das neves, porque bento consegue aparentar maior seriedade do que o estarola da Universidade Católica.
E, no entanto, ao fim de três anos de contínua degradação dos salários e da quase total desregulação da legislação laboral - com a conivência passiva do anterior e do atual secretário-geral da UGT, por coincidência ambos apoiantes de António José Seguro - bento deveria ter a honestidade intelectual de reconhecer quão errada estava a sua teoria quanto à criação de empregos.
Da mesma forma já teria dados mais que convincentes para reconhecer quão errada terá sido a “desvalorização interna” de que foi um dos cultores, porquanto a dívida para com os credores continuou sempre a subir e a atingir patamares insustentáveis.
Na sua falsa análise racional, vítor bento nunca poderia afirmar que o país empobreceu menos do que parece, porque os dados objetivos do PIB demonstram factualmente que isso foi uma realidade insofismável nestes três anos. Para não falar do empobrecimento nos recursos humanos disponíveis, já que a Direita com que tanto se deleita, conseguiu deitar para fora do país a geração mais qualificada alguma vez formada no país e na qual tanto dinheiro se investira.
Se nos ativermos, pois, a esse avultado investimento atirado fronteiras fora, pode-se dizer que o país era, realmente, bastante mais rico e que a ideologia de bento e dos que perfilham o mesmo tipo de pensamento é que tratou de o empobrecer tragicamente.
Mas, finalmente, que tamanho equívoco tenha participado em ações promovidas por António José Seguro no âmbito do «Novo Rumo» diz bem das afinidades eletivas, que os unem. E que nada tem a ver com socialismo!
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