Carlos Zorrinho foi ao «Inferno» do canal Q e deu-nos a oportunidade para conhecer as razões de uns quantos apoiantes de António José Seguro, que estranhamos ver nessa condição, porque, apesar de tudo, já deram ideia de competências e qualidades bem superiores aos brilhantes, aos óscares, aos belezas e aos galambas (antónios), que rodeiam o ainda líder.
Em primeiro lugar Zorrinho alega a injustificabilidade do anúncio de António Costa, porque Seguro fora eleito e nada de substancial os distinguiria a não ser o carisma.
Dois erros na mesma argumentação: existem notórias diferenças quanto ao que cada um dos candidatos propõe para o futuro do país, um contentando-se no acatamento do Tratado Orçamental, mesmo que com menos austeridade, o outro a querer aproveitar as muitas vozes que, a nível europeu e não só, se andam a levantar para denunciar o fracasso da estratégia ensaiada pela Comissão Europeia ao longo destes anos, e contribuir para a sua urgente inflexão.
Ainda assim, mesmo que fosse apenas uma questão de carisma e de impacto da respetiva estratégia junto dos eleitores, não se justificaria só por si tê-la em conta e mudar de protagonista?
Mas Zorrinho utilizou outra metáfora para justificar o seu alinhamento com Seguro: este estaria a cumprir uma árdua maratona, que liderava aos 20 quilómetros ao ganhar as eleições autárquicas, e aos 30 quilómetros com as europeias. Daí que defenda a legitimidade de lhe possibilitar a continuidade nessa corrida até ao final.
Quanto a este argumento também há muito que se lhe diga: por um lado é excessiva a afirmação segundo a qual existiria uma vitória nas autárquicas tendo em conta o sucedido em tantas câmaras fundamentais - Braga, Matosinhos, Évora, Beja, Guarda e outras. A aparente vitória nas autárquicas só pareceu verdadeira porque em Lisboa e no Funchal os resultados permitiram iludir a verdadeira realidade. Depois, pressupor que uma liderança aos 30 quilómetros, mesmo que com os adversários já prestes a disputar-lhe a dianteira, aponta para a certeza de uma vitória final é conclusão que não merece credibilidade. Quantas maratonas olímpicas ou nos campeonatos europeus não se decidiram precisamente nos últimos cinco ou dez quilómetros?
Não admira que milhares de socialistas e de outros cidadãos apostados em derrubarem este governo vejam em António Costa um alternativa mais credível para se alcançar esse objetivo. Porque Seguro mostra estar esgotado e sem ideias para o muito por fazer perante a “terra queimada”´, que o novo governo irá encontrar.
Mas, porventura confirmando o quanto alguns apoiantes de Seguro estarão incomodados perante um apoio, que terão assumido cedo demais, foi visível o constrangimento de Zorrinho com a história dos cartazes sobre as primárias. Para muitos deles a forma anti estatutária e “habilidosa” como a atual Direção procura prolongar a sua agonia dificilmente se coadunará com os padrões éticos, que supostamente deveria refletir...
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