Eloquente o artigo de Carlos Fiolhais inserido na edição de hoje do jornal «Público». Sobretudo para quem recorda o carácter virulento das suas críticas às políticas educativas dos governos de José Sócrates e por quanto ajudou a criar a mistificação quanto à competência de nuno crato.
Agora três anos depois, o professor coimbrão dá, enfim, a mão à palmatória pelo erro em que se deixara enredar e a propósito de crato conclui que “é hoje um ministro desacreditado de um governo desacreditado. Com a obsessão do crédito da troika perdeu todo o crédito que nele tínhamos depositado.”
A honestidade intelectual deveria levá-lo a ponderar em tudo quanto criticou no passado e a reconhecer o mérito do ministro Mariano Gago na Investigação Científica, que agora está a ser totalmente destruída pelo governo de passos coelho. A respeito deste último constata o óbvio: “o ex-gestor da Tecnoforma que acha os cientistas improdutivos, quer tirar da ciência para dar às empresas. E, nesse processo, não se importa de reforçar a emigração, enviando para fora o que resta da inteligência e da esperança nacionais”.
Mas, se Fiolhais já é capaz de renegar quem, no passado, tanto elogiou, ainda não pulou para a fase seguinte: a de reconhecer quanto a Ciência e a Educação foram extremamente acarinhadas pelas políticas dos governos de José Sócrates, apesar de tão causticadas pela coligação negativa entre a Direita e os sindicatos arregimentados por mário nogueira.
O aumento do número de bolseiros, a criação de condições para mais e melhor investigação, a requalificação das escolas públicas, a introdução do inglês e do recurso a computadores desde o ensino primário - tudo inovações que, em vez de reconhecidas e elogiadas, foram sucessivamente causticadas, difamadas e falseadas por quem só estava interessado em impedir um projeto ideológico, que dava particular importância ao direito constitucional à educação para todos.
Hoje é possível considerar que tudo quanto de nefasto tem ocorrido nessas duas áreas tão fundamentais para o futuro do país decorre da espúria paternidade de crato e de nogueira. Que deveriam ser seriamente responsabilizados pela sangria de jovens qualificados, coagidos a emigrarem para darem sequência aos projetos de vida profissional e familiar aqui negados por tal coligação...
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