“Um Programa Sustentável para a Reestruturação da Dívida Portuguesa” é o nome da proposta subscrita por quatro economistas - Ricardo Cabral, Francisco Louçã, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos - a ser apresentada na próxima quinta-feira e que irá constituir mais um sério ataque , rigorosamente fundamentado, aos que nem querem ouvir falar do assunto e continuam apostados na estratégia que tão maus resultados demonstrou nos últimos três anos.
O que os autores visam é a redução da divida externa portuguesa, garantindo ao mesmo tempo o financiamento futuro da economia nacional e a resolução dos passivos bancários.
Os autores repetem aquilo que já é uma evidência para amplos setores da sociedade portuguesa e internacional: “a atual estratégia da troika de resposta à crise, baseada num longo processo de ajustamento com uma estrutura produtiva em degradação, não é uma opção plausível”.
Para os filisteus, que tanto receiam propostas de cortes em partes da dívida, esta não segue por essa vida, apostando na “combinação de um adiamento da amortização da dívida com uma redução mais substancial dos juros”. Ou seja: mais tempo para pagar e juros mais baixos.
Hoje até o insuspeito Kenneth Rogoff - um dos principais inspiradores de vítor gaspar na forma como decidiu implementar o Memorando da Troika - defende que para o problema europeu “é difícil antever um desfecho que não passe por uma significativa reestruturação da dívida”. E, por isso mesmo acrescenta: “É tempo para uma negociação sobre alívios de dívida em toda a periferia da zona euro.”
É no sentido de contribuírem para esse esforço a empreender pelo novo governo, que suceder ao de passos coelho, que os quatro economistas demonstram como será possível passar a dívida pública, atualmente de 173% do Produto Interno Bruto, para 82%. E no imediato, ao ano, a despesa com juros do Estado cairia 4,7 mil milhões de euros, o que retiraria só por si 2,7 pontos percentuais ao valor do défice público.
Será curioso constatar qual será a reação dos habituais convidados de medina carreira ou de josé gomes ferreira a este documento. Ou, como de costume, será provável que o continuem a ignorar cientes de quão movediço está o chão que pisam, quando rejeitam a possibilidade de uma alternativa consistente ao caminho de pedras por onde a Direita insiste em nos conduzir.
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