sábado, 12 de julho de 2014

Hora a hora,Seguro piora!

A sondagem hoje conhecida sobre as intenções de voto para as legislativas não revela nenhuma surpresa:
· depois dos 31% nas europeias, o PS não descola desse patamar de apoio eleitoral e por isso mesmo não está em condições de, com a ainda atual liderança, protagonizar qualquer alternativa consistente para o presente estado das coisas;
· confirmando uma sondagem de 25 de maio à boca das urnas, o PSD e o CDS somam mais votos do que o PS, pelo que, a manterem-se estes números, caberia a este último servir de mera muleta para a continuidade do projeto ideológico da Direita;
· já se começa a desvanecer o efeito surpresa do MPT e do Livre que, muito provavelmente, chegarão às legislativas com votações desprezivelmente grupusculares;
· a CDU e o Bloco de Esquerda pouco ou nada aproveitam do descontentamento da maioria dos portugueses não conseguindo extravasar para além do seu limitado universo de apoiantes.
A exemplo da sondagem real ocorrida nas europeias, esta confirma a incapacidade de António José Seguro em conseguir o grão de asa necessário para se credibilizar como protagonista de uma mudança mobilizadora para o país. E só se pode lamentar que, exclusivamente em defesa dos seus interesses mesquinhamente pessoais, ele tenha pretendido prolongar por quatro meses a indefinição quanto à liderança do Partido.
Bem podem os cortesãos de Seguro atribuir a António Costa a responsabilidade por estes resultados, que a sua capacidade em convencerem os eleitores de tal conclusão assemelha-se à da proclamação de retumbante vitória no dia 25 de maio. Se o ridículo matasse, as agências funerárias teriam muito trabalho ali para os lados do Largo do Rato.
Para os militantes com longo historial de ligação ao Partido - quase todos alinhados no apoio a Costa  - as artimanhas de Seguro e dos seus apoiantes só podem causar uma indignação veemente.  Porque, ao longo das mais de quatro décadas de existência nunca as divergências sobre a liderança do Partido se caracterizaram pelos golpes baixos, que vêm definindo os seguristas. Porque ouvir João Proença criticar um post do facebook onde surgiu a imagem de uma ficha de inscrição não homologada, roçou o absurdo, até tendo em conta o silêncio com que ele e os seus parceiros (não) reagiram à abusiva utilização da lista de contactos da Associação Nacional de Farmácias ou ao célebre cartaz, que só se linkava com as fotografias do ainda secretário-geral.
Se Seguro prezasse o Partido tinha convocado o Congresso antecipado e as Diretas em que se bateria lealmente contra António Costa. Mas timorato, porventura por compreender o desfavor em que já caiu junto dos militantes, terá apostado todas as fichas na possibilidade de uma crise governativa, que tornasse incontornável a sua candidatura a primeiro-ministro.
Felizmente, e mesmo totalmente fartos com este Governo, ele aguentar-se-á o tempo bastante para o momento da verdade chegar. E esse será o maior dos pesadelos, que tenderá a manter insone o fraco líder, que mesmo saído da gaiola a que se autoimpusera, não parece melhorar em nada no seu discurso ou comportamento político. Na realidade cumpre-se o ditado: «Hora a Hora, Seguro piora!»


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