segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Os desejos que Marcelo gostaria de ver realizados


Não bastando ao governo as muitas provas da governação com contas certas, como tem sido seu apanágio desde a legislatura anterior, volta-o agora a confirmar com os resultados das finanças públicas no terceiro trimestre do ano em curso.
Lá longe, no Afeganistão, aonde decidiu expandir geograficamente o inveterado hobby  das selfies, Marcelo mandou às malvas a regra de nunca falar de política interna quando está fora do país, e aproveitou para dar mais uma alfinetada no governo procurando-o apoucar de forma a ganhar margem de manobra para, logo que possível, dar a mão aos amigos de sempre e facilitar-lhes o regresso ao poder.
A notícia do dia, que deveria ser esse superavit nas contas públicas, passou a ser o dos alertas presidenciais sobre algo que ainda está só no domínio das hipóteses e nem sequer tem provas bastantes para os colocar no âmbito das fortes probabilidades.
Para Marcelo a noite de 6 de outubro terá sido vivida com particular inquietação: tivesse tido o PS a maioria absoluta e poderia esquecer um segundo mandato. Não porque lhe fosse difícil repetir a vitória - assim no-lo dizem os seus índices de popularuchice - mas por ela de nada lhe valer quanto ao verdadeiro motivo, que o norteia: o filho e afilhado de fascistas e boicotador de greves académicas no antigo regime continua apostado em ser tão útil quanto possível às desorientadas direitas nacionais.
Só o facto de ter o seu antigo partido no estado em que o vemos e o resto da sua trincheira dividir-se entre três irrelevantes minipartidos (CDS, IL e Chega) o impede de se mostrar mais incisivo. Mas arranje quem o ajude a fustigar o governo ajudado pela inestimável comunicação social - toda ela afeta aos interesses de classe dos que são seus proprietários - e lá se vai o Marcelo com aspeto de avozinho extremoso e «pai do povo»  sensível à suas dores e penas, revelando-se-lhe a verdadeira faceta escondida por trás da assertiva máscara que foi moldando desde os comentários televisivos semanais.
Será complicado fazer aprovar o Orçamento para 2020 na Assembleia da República? Não tanto quanto gostaria Marcelo porque, nesta altura, com o país a reduzir paulatinamente a dívida e os portugueses a terem motivos para confiar no futuro, quem se atreve a precipitar eleições antecipadas? Vissem-se tentados pela mera hipótese de votarem contra e lá teríamos o Bloco reduzido a metade, repetindo a lição em tempos dada a Louçã, e o PCP ainda mais próximo da sua grupusculização!
Cá por mim, e ao contrário do que Marcelo aventa, o OE2020 será pouco mais do que uma formalidade!

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