quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Às vezes não é fácil encarar com o indefensável!


Às vezes não é fácil ser militante socialista!  É que havendo tantas tendências no seu seio, e só me reconhecendo nas que mais à esquerda se situam, me incomodam as posições políticas a ela contrárias. Por exemplo a propósito da NATO!
Para mim a situação é muito óbvia: na mesma altura em que o Pacto de Varsóvia passou à História, também a organização militar ocidental deveria ter conhecido idêntico destino. Porque, desde então, foi mera ferramenta dos interesses norte-americanos na Europa, apostados em isolar o mais possível a Rússia de Putin, cercando-a com um conjunto de países, outrora na sua órbita, e depois manifestamente adversos, aumentando as tensões inerentes a esse afrontoso isolamento. Porque o Kremlin estaria interessado em manter essa anterior influência sabotando a prometida neutralidade desses países reconvertidos aos padrões das «democracias ocidentais»? Obviamente que não, porque todas as decisões do líder russo tiveram por móbil contra-atacar os inimigos ocidentais, que quiseram vedar-lhe o acesso ao Mediterrâneo através da mudança de regime na Ucrânia e impedir-lhe a continuidade de utilização da importante base naval na Síria. Razão para fazer da Crimeia um caso, que historicamente tinha legitimidade muito discutível ou de Bachar Al Assad um detestável ditador, que faria da clique saudita ou do ditador egípcio uns autênticos santos.
Manda a objetividade explicar essa permanente transformação dos russos, e mais recentemente dos chineses, como estratégia do complexo militar-industrial norte-americano e das igualmente dinâmicas fábricas de armamento alemãs e francesas, que necessitam dessa cultura de Guerra Fria para aumentarem a produção das suas fábricas e verem potenciadas as receitas da exportação do que elas vendem aos «aliados», sobretudo aos mais abonados com o que auferem da exploração do petróleo.
É lamentável ver Augusto Santos Silva a defender acriticamente uma organização, que agora se apresta a servir os mesmos interesses norte-americanos perante a diabolizada China para sabotar as fortes relações comerciais com ela estabelecidas nos últimos anos, apenas porque a Casa Branca pretende protelar o mais possível a irreversível decadência do seu ascendente imperialista e a aprazada substituição pelo que de Pequim se consolidará nas décadas vindouras.
E como não dar razão ao deputado do Bloco, que associa a reunião de Mike Pompeo e de Benjamin Netanyahu em Lisboa àqueloutra nos Açores em que Durão Barroso serviu de criado a Blair e Dabliú Bush? Recebendo-os amanhã António Costa deixa-se fotografar com dois biltres cujos propósitos só podem ser objeto de condenação, escusando-se a imitar o prudente Boris Brexiteiro que deu desculpa esfarrapada para furtar-se a tal ensejo.
Porque tem o governo socialista de se comprometer tão lamentavelmente com tal gente?

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