O «Público» desta manhã traz uma sucessão de fotografias de Mário Centeno muito elucidativa sobre o seu aparente estado de ânimo nos quatro anos anteriores por altura da apresentação dos Orçamentos Gerais do Estado. Na primeira, coincidente com o do OE-2016, vemo-lo crispado, quase com a sensação de quem se vê acossado pelos constrangimentos e ainda não tem plena confiança nas estratégias para os superar.
Na segunda fotografia, referente ao OE-2017, a pose ainda é de preocupação, mas os ombros levantaram-se indicando uma maior segurança no rumo entretanto seguido.
A definitiva demonstração dos bons resultados explica o meio-sorriso da época do OE-2018: crescia a convicção na capacidade de demonstrar aos parceiros do Eurogrupo a bondade da solução governativa portuguesa ao ponto de o nomearem seu presidente.
O sorriso abriu-se completamente na imagem de há um ano, quando apresentou o OE-2019: comprovava-se a competência com que se vencera toda uma legislatura sem percalços e em convergência com os parceiros da maioria parlamentar.
Da primeira para a quarta fotografia a evolução foi sempre em crescendo abrindo-se a nossa curiosidade para a análise da sua fisionomia e postura corporal quando hoje entregar o Orçamento para 2020 ao Presidente da Assembleia da República. Os prosélitos das direitas estarão particularmente atentos a quaisquer sinais sobre a sua tese referente às supostas divergências entre Centeno e Costa. Como comenta David Pontes no seu editorial, à falta de sublinhar pontos fortes que, em si não vislumbra, a direita limita-se a tentar encontrar pontos fracos no adversário: “E se ontem era a relação entre os partidos da aliança parlamentar que estava sob escrutínio, hoje parece ser a relação entre o primeiro-ministro, António Costa, e o seu ministro das Finanças que melhor serve este propósito. Mas é duvidoso que as divergências, naturais quando se pensa no trabalho supranacional que Centeno tem de fazer no Eurogrupo, se traduzam em qualquer coisa de substantivo na frente política interna.” O tema pode servir para animar as duvidosas esperanças dos que têm vivido estes quatro últimos anos como um suplício, mas não corresponderão a nada de verdadeiramente essencial. No momento certo Mário Centeno transitará para o cargo que lhe é devido por direito e o governo, mesmo sem ele, prosseguirá no rumo que tem sido o seu, confiante de saber bem para onde vai, e citando José Régio, ainda melhor sabendo não querer ir por aí, sendo esse aí aquilo que as direitas gostariam de ver concretizado na forma de mais privatizações, maiores desigualdades e regressado forrobodó para quantos lhes pagam para serem suas marionetas.
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