No «Público» de hoje o economista Ricardo Cabral dá um bom argumento para concluirmos que notícias negativas podem conter em si os germes de outras, que se revelarão bastante positivas. É que se Portugal e outros países do sul da Europa (Grécia, Chipre) foram sujeitos aos ditames da tenebrosa troika. foi em nome da imposição europeia de défices orçamentais abaixo dos 3%. Esse pacto, que Jerónimo de Sousa qualificou muito justamente de «agressão», foi tido como um axioma sem discussão enquanto não suscitou problemas a quem mais teimou em que assim fosse: a Alemanha.
Acontece, porém, que a chanceler Merkel tem visto a votação no seu partido e na dos seus aliados sociais-democratas a declinar, com a consequente ascensão fulminante da extrema-direita. Razão para que cresça na Alemanha o consenso em torno de uma revogação dessa imposição orçamental dada a urgência em lançar políticas dirigidas para a melhoria significativa da vida dos cidadãos, que implicam investimentos muito acima dos permitidos pelas folgas das receitas.
Obviamente que a alteração desse dogma interno dará argumentos aos que sempre o consideraram desajustado a nível de toda a União Europeia e possibilitaram o crescimento das extremas-direitas por todo o continente à exceção deste cantinho à beira-mar plantado.
Decorre daí uma justificada expetativa em que, na próxima legislatura, o governo liderado por António Costa encontre condições externas favoráveis, que se sobreponham aos riscos criados pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Ora, mesmo esta, não tardará muito a ficar resolvida, tão-só o fraudulento Trump seja substituído na Casa Branca pela primeira mulher a ali ser empossada como presidente. E ela chama-se Elizabeth Warren, cuja subida nas sondagens está a ganhar uma dinâmica vencedora para confirmar o que desde há dois anos tenho aqui apostado: será ela a futura presidente dos EUA dando ensejo ao antecessor para que continue e dedicar-se às falsas previsões meteorológicas em que esteve tão ocupado esta semana.
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