sábado, 14 de setembro de 2019

Humano sou!


Confesso que não era particularmente apetecível a expetativa de ver o debate entre António Costa e Assunção Cristas. No regresso a casa o corpo queixava-se dos muitos quilómetros de carro, quer ao volante, quer no lugar do morto, e pedia horizontalizado descanso em desfavor da habitual irritação, que a fulaninha do CDS normalmente suscita. Porque se a razão procura conferir alguma objetividade nos juízos lá se intromete aquela súbita emotividade de a começar a insultar com as merecidas injúrias que a nefanda pose e as ainda mais execráveis palavras me suscitam. Sei que lhes deveria conferir alguma complacência, mas sou como o mercador de Veneza de Shakespeare: tenho olhos, mãos, órgãos, dimensões, sentidos, afetos, paixões. Comporto-me, pois, como o humano que sou!
Fazendo das fraquezas forças, que os anos já vão pesando, lá me posicionei como ativista de sofá (piscadela de olho ao melhor jeito do Orelhas da RTP ao Sandro Figueiredo Pires agora assombrado por essa mixórdia de temáticas, que dá pelo nome de PAN!), disposto a empatizar  com António Costa na irritação nada otimista para com a dita senhora.
Aconteceu o esperado: irritei-me com a dita! Mas, sobretudo, voltou a impressionar-me a contenção do oponente, que, logo de início, soube habilmente encosta-la às cordas e dando-lhe sucessivos jabs, diretos, cruzados, ganchos, concluídos em vistoso uppercurt, a levou quase ao knock out. A contundida sujeita foi cacarejando alguns desatinos, mas a expressão ia-se fechando, ciente de não ter conseguido arrebanhar mais um voto que fosse aos poucos que as sondagens lhe atribuem como expressão do seu trambolhão a 6 de outubro.
Para resolver de vez as irritadas meninges, abri uma garrafa de Murganheira, bebi dois copos e fui dormir o sono dos justos.  Como diria o Zeca já lá vem outro carreiro...

Sem comentários:

Enviar um comentário