E eis que, quando esperamos por mais equívocas intervenções do Ministério Público na campanha eleitoral, destinadas a prejudicarem o Partido Socialista, as notícias apontam na direção de Belém, conotando Marcelo Rebelo de Sousa com o conhecimento da tramoia engendrada para a recuperação das armas roubadas em Tancos.
O caso em si é todo muito estranho de compreender: desde início que a preocupação dos magistrados tem sido a encenação então promovida para conseguir a recuperação do produto roubado do que o ato criminoso em si. Sobre esse pouco mais se soube, presumindo-se que os culpados sejam julgados no recato de um qualquer tribunal sem o foguetório dos jornalistas a darem-lhe cobertura hora a hora. Mas como o aproveitamento político do caso para pôr em causa o ministro e as chefias militares tenderia a prejudicar o PS foi com gáudio que os jornais e televisões se agarraram ao caso.
A transferência para Belém de uma «culpa», que estava a ser exclusivamente apontada na outra direção, constitui reviravolta de assinalar equiparando-o à responsabilidade de Azeredo Lopes: porque ambos terão sido informados do que se gizava para conseguir o bem maior de reaver as armas extraviadas, e ter-se-ão fechado em copas.
Bem pode alegar Marcelo o total desconhecimento do sucedido, como o fez o ministro da Defesa. Mas podemos sempre interrogar-nos com a razão, porque aceitou tão prestimosamente o pedido de demissão do seu Chefe da Casa Militar, que a notícia de hoje dá como envolvido no caso. Não terá estranhado que o subordinado abdicasse de tão confortável reforma? E, por outro lado, sendo Marcelo o Comandante-chefe das forças armadas - ou seja posição hierarquicamente acima da do ministro da Defesa—será crível que o referido colaborador tenha sabido do que se preparava sem lhe dar conta do que estava a passar-se?
Por uma vez é reconfortante saber que nos podemos refrescar com a pimenta que a outros incomoda!
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