sábado, 21 de setembro de 2019

De uma clara dinâmica de vitória aos dislates da Cavaca


A campanha pré-eleitoral para a Assembleia da República evolui de acordo com o que seria expectável nesta altura: o Partido Socialista com uma clara dinâmica de vitória evidenciada na forte afluência aos comícios e ações de rua desenvolvidas até agora, o Partido Comunista a manter ativas as suas bem organizadas hostes, o Bloco de Esquerda a agitar-se tanto quanto possa para dar às televisões a ilusão de um apoio equivalente ao pressuposto pelas sondagens e os dois partidos parlamentares das direitas a fazerem passear os respetivos líderes por espaços pré-selecionados, onde escasseiam os apoiantes, mas não arriscam situações comprometedoras como as vividas por Assunção Cristas numa feira onde lhe quiseram calçar uns sapatos que a expuseram ao ridículo. Há também o PAN deslumbrado com o sucesso, que lhe auguram mas evocam outros casos de meteórica passagem pelo cenário político nacional, seguido de justo ocaso, e uns quantos mais partidos e movimentos insignificantes cujo rasto se perderá depois de 6 de outubro.
A meio da semana ainda sobrou alguma agitação com a nova intervenção do juiz Carlos Alexandre em período pré-eleitoral, mas nem o insuspeito Vasco Pulido Valente se surpreendeu com o ocorrido: «Já estava à espera que aparecesse um qualquer caso judicial para entreter a populaça nos últimos dias da campanha. Agora, foi um secretário de Estado arguido no caso das “golas antifumo”. Mas bastou isso para o noticiário político reverter durante 48 horas para um noticiário policial. O jornalismo português é uma desgraça.»
Adicionasse-se o efeito dessa bravata judicial a um parecer desfavorável da Procuradoria-Geral da República sobre os negócios de familiares de membros do governo com entidades públicas e já havia quem se babasse com a perspetiva de ter algo de substantivo para substituir o vazio das suas ideias no início da campanha oficial. Catarina Martins e André Silva não conseguiam disfarçar a sofreguidão com que pretendiam ler esse documento. Afinal o tiro saiu-lhes de ricochete e ficaram os dois à esquina a tocar a concertina e a cantar o solidó.
A mofa a que se sujeitaram só não foi maior porque a patética Cavaca da Ordem dos Enfermeiros voltou a ser notícia por pagar 40 mil euros para ter uma personagem a seu gosto numa nova telenovela da SIC. Até que tão singular bastonária viesse iluminar-nos sobre as funções atribuíveis à sua instituição não a julgaríamos talhada para compor bonecos caricaturais em histórias da carochinha. Quase por certo os enfermeiros que supostamente representa também não. Mas que esperar de quem tem arrastado a sua classe profissional para uma reputação tão danificada pelas suas opções?

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