quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Mais um homem sem qualidades!


Gostaria de olhar para a realidade com o crivo da razão a manter-me distante dos pensamentos mágicos, mas eles lá me assaltam de vez em quando. É a vida, como diria António Guterres nos tempos de primeiro-ministro, porque constitui tentação irresistível que os sonhos se tornem realidade.
Vem isto a propósito da imunda intervenção de Rui Rio, quando procurou aproveitar-se da acusação do ministério público contra o ministro da Defesa aquando da recuperação das armas roubadas em Tancos. Durante umas semanas eu fui dos que considerei indesejável que o PSD ficasse pelos 20% nas eleições de 6 de outubro, porque existiria alguma diferença de valores entre Rui Rio e a tralha passista, que inevitavelmente lhe tomará o lugar se tiver o pior resultado eleitoral de sempre. Apesar de alguns episódios, que deixariam pressupor o pior - e esse é sempre o nível rasteirinho. colado ao nível do chão, que os Montenegros e Cª representam - alimentava a expetativa de subsistir alguma decência, que o tornasse menos infecto enquanto futuro líder da oposição ao próximo governo.
Hoje Rio tirou-nos todas as duvidas, porque não se poupou ao triste espetáculo de promover julgamentos na praça pública ao contrário do que, ainda há um par de dias, defendia. Confirmou, assim, o péssimo carácter de, acossado pelas circunstâncias de lhe estar prevista pesada derrota, agarrar-se a todas as pranchas de salvação disponíveis sem olhar para o que elas possam significar.
No balanço deste lamentável episódio fica uma constatação: os pretéritos líderes do seu partido têm repetidamente merecido a analogia com o célebre título de um romance do escritor Robert Musil: um a um têm sido homens (ou mulher no caso de Manuela Ferreira Leite!) sem qualidades. Ruio Rio é apenas mais um. Mas o que esperar de um partido que manteve até hoje uma tão notória mentira quanto ao seu nome já que de social-democrata nada tem?

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