Até 6 de outubro a prioridade será a repetição da grande vitória das esquerdas de há quatro anos, ampliando-a tanto quanto o possível. Esse é o desafio do curto prazo, aquele que determinará se continuaremos a constatar melhorias efetivas nos nossos rendimentos e qualidade de vida nos anos vindouros.
Vencida essa batalha logo outra deverá mobilizar-nos: a que, neste fim-de-semana, António Guterres considerou ser a das nossas vidas, porque o tempo está a esgotar-se para que evitemos um descontrole irreversível no comportamento da atmosfera terrestre, com o efeito de estufa a acentuar-se significativamente devido ao aumento da evaporação dos oceanos, não só elevados num metro por efeito do degelo da Groenlândia e do Ártico, mas também pelo seu aumento de temperatura.
Para inquietação maior dos cientistas, constata-se que o ritmo desse aquecimento global está a acelerar-se, verificando-se uma transposição do clima anteriormente associado ao Magrebe para as condições agora rastreadas no sul da Europa.
Pode haver a tentação de militar por políticas à medida da situação de emergência climática escolhendo partidos e movimentos, que adotam a agenda ecologista por oportunismo ou sem suporte ideológico coerente capaz de dar consistência às pretensões emitidas pelas suas palavras de ordem. A evidência mais óbvia - e que depressa será a linha de separação entre o lirismo inconsequente de uns e a determinação responsável de outros - é não ser possível defender uma agenda ecologista sem por em causa o sistema económico que a contraria. Daí não ser credível o discurso de quem diz defender um planeta sustentável sem se posicionar politicamente à esquerda ou à direita. O aquecimento global, com todos os perigos a ele associados, torna obsoletos os partidos tradicionais das direitas e, ainda mais, os que se andaram para aí a inventar como tentativa de dar ilusório fôlego à moribunda intenção de fazer o tempo voltar para trás.
Em vez de apoiarmos partidos ou movimentos de contrafação cuja ideologia é indefinida ou enfeudada a outros interesses, que não os que anunciam, deveremos secundar quem está efetivamente a tomar medidas concretas para que cesse a atividade das centrais a carvão, se substitua o transporte individual pela mobilidade coletiva ou se aumente substancialmente a produção de energia elétrica com fontes renováveis. Entre o blá-blá-blá de uns e as medidas já tomadas, ou em preparação, pelo governo não é difícil escolhermos a trincheira para que o país cumpra a sua parte no esforço global para que os nossos filhos e netos recebam a herança de um planeta onde seja agradável crescer e viver.
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