quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Quando a imaturidade do PAN fica bem desmascarada


O PAN começou por me ser simpático em relação a duas causas que há muito defendo: a proibição dos espetáculos taurinos e a utilização de quaisquer animais em números circenses.
Quando enveredou pelas causas ecologistas - e mesmo tendo em conta o N de Natureza - pareceu-me atitude chico esperta de quem a sabe com potencial para garantir votos naquela camada da população juvenil com pouca ou nenhuma formação política, mas desejosa de abraçar causas que lhes garantam uma identidade e capacidade de afirmação numa sociedade marcada por grandes contradições. Daí a razão para exponenciar esse tipo de apoios ao pretender que o direito ao voto se antecipe para os 16 anos. Afinal a ecologia até vinha já sendo defendida por organizações e movimentos que, mal (Quercus) ou mais ou menos bem (Os Verdes), até vinham cumprindo esse papel.
Aí surgiram motivos para desconfiar da razão de ser de um partido já denunciado por Daniel Oliveira como coisa inorgânica e oportunista, que as circunstâncias viriam clarificar quanto aos seus propósitos. Porque, exposto ao teatro mediático, André Silva vai-se desmascarando na verdadeira natureza (aqui com minúscula) da força política que lidera. Mormente quando a diz não ser de esquerda nem de direita. Ora os muitos anos que já me trazem nesta vida deram sobejas provas de que, quando alguém diz não ser de um nem de outro lado, acaba sempre (mas mesmo sempre!) por ir parar ao lado de que quer apressar-se a dizer que não é - a direita!
A verdade é que, hoje em dia, um discurso ecologista consequente só pode ser anticapitalista, porque é à luz da predação dos recursos naturais, que o sistema económico vigente tem assegurado o persistente adiamento do seu óbito. É em função do lucro, sem olhar a como nem a quem, que as grandes sociedades financeiras andam de mãos dadas com as poderosas indústrias do petróleo e agroalimentar, e a deixar um rasto poluidor e de destruição das florestas tropicais passíveis de apressarem um autêntico apocalipse climático.
Quando André Silva diz não ser de esquerda ou de direita só está a negar o discurso pró ambiental que lhe fundamentam os argumentos para que se vote no PAN. No fundo nada distingue este partido de qualquer outra força populista, que tem andado na moda em muitos países europeus.
Foi com essa perspetiva que assisti ao debate entre André Silva e António Costa e os pressupostos anteriores só se consolidaram. Porque o que sobressaiu foi o confronto entre um «menino» inseguro e gaguejante, com dificuldade para demonstrar a substância do que diz, perante um político experiente e com argumentos consistentes difíceis de contrariar. Entre a atitude birrenta do «quero tudo e já» e a do «queremos tudo isso, mas à medida que for sendo possível», acentuou-se a diferença entre a imaturidade pueril e a sageza de quem sabe o que está a fazer.
Peguemos, por exemplo, na questão do encerramento programado das centrais do Pego e de Sines, as mais poluentes do país, por ainda recorrerem ao carvão. Quando André Silva faz finca pé de as encerrar até 2023 aventa hipóteses, que resultam do trabalho efetivo do governo nesse sentido, aproveitando-se de algo que não fez nem para o qual nada contribuiu. E claro que acreditamos em António Costa, quando diz ser possível antecipar esse encerramento conquanto o trabalho preparatório dê os esperados frutos, mas só querer arriscar-se com objetivos de cujo sucesso tem a certeza. Pela experiência destes quatro anos só temos razões para crer que assim voltará a demonstrar-se.
O outro momento em que André Silva caiu no ridículo foi a propósito do olival intensivo no Alentejo como se não tivesse sido fundamental que o país se tornasse autossuficiente em azeite e até o começasse a exportar. Quando António Costa denunciou o facto desse olival intensivo apenas ocupar menos de 5% da área do Alentejo a estrelinha que ainda vai brilhando alguma coisa para o PAN (mormente nas sondagens!) deu claros sinais de empalidecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário