Se há uma constante a sublinhar destes dias de campanha eleitoral foi a permanente capacidade do Partido Socialista em movimentar multidões quer em arruadas, quer em comícios, demonstrando uma dinâmica, que nenhum outro partido consegue replicar, nem mesmo por aproximação. A sondagem das ruas confirma a das várias empresas de estudos de opinião, que antecipam uma grande vitória no dia 6 de outubro.
Porque não sonha sequer em conseguir algo assim para os telejornais, o PSD substitui os comícios por umas visitas pífias a empresas e a instituições caritativas, dando depois palco a Rio numas conversas entediantes com os que lá fazem o sacrifício de comparecerem, alguns dos quais nem sequer lhe prestam atenção como se viu numa reportagem assassina para com dois elementos da assistência, que terão passado o tempo a conversarem entre si nada ligando ao que o orador de circunstância ia debitando.
O Bloco também confirma ter limitada capacidade de atração a quem queira ouvir Catarina Martins. Já não são as salinhas de outros tempos, suficientes para reunir um grupo de amigos, mas quando aposta em recintos para duas ou três centenas de participantes, as clareiras são evidentes.
Resistindo à prova do tempo que condenou a grande maioria dos seus congéneres europeus ao desaparecimento, o PCP vai sentindo o irreversível declínio. A rodada organização consegue compor assistências honrosas para Jerónimo de Sousa, mas sente-se-lhe nas palavras o pressentimento de um tempo a fluir com uma insaciável rapidez, levando os imprescindíveis e os muito bons de outrora, e deixando-lhe uma geração envelhecida incapaz de cativar a juventude que, se olha para a política, prefere outras alternativas. Ainda assim, se tivesse de escolher uma frase desta semana, aproveitaria a de uma deputada comunista, Rita Rato, que, a propósito do candente problema das alterações climáticas, disse: “Tenho muito presente uma frase que li recentemente: ‘ecologia sem luta de classes é jardinagem’” E ela basta para nada mais dizer sobre o PAN.
Resta ainda o CDS, que tem tido uma campanha desastrosa, como ontem sucedeu no campo ribatejano onde Cristas quis fazer um boneco para jornalista ver, entrando numa propriedade sem que o dono estivesse presente, e pondo-se a falar com os operários agrícolas asiáticos que não compreenderam patavina do que lhes dizia. Se o ridículo matasse, nenhum aparelho de reanimação do INEM lhe poderia valer.
Apesar da desesperada tentativa de trazer Tancos à baila, a direita não evitará o merecido definhamento.
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