Sem surpresa os motoristas de matérias perigosas viraram o bico ao prego e nem sequer começaram a greve prometida para este sábado. O insucesso da ameaça já estava tão óbvio, que não assistimos nos últimos dias à corrida às bombas de gasolina conhecidas no mês passado.
Uma vez mais um movimento reivindicativo organizado à revelia das centrais sindicais, e com mais do que duvidosos propósitos só apoiados por Rui Rio e pelo Bloco de Esquerda, teve o desenvolvimento de todos os outros nesta legislatura: um fulgor para comunicação social empolar, o período de paralisação que tanta antipatia causou em quem por ele foi prejudicado como fadiga e frustração acumulou em quem por ele deu a cara para concluir na retirada sem glória e a necessidade de se lamberem as feridas suscitadas pela derrota. Seja com enfermeiros, professores, magistrados ou camionistas, o governo não acedeu a dar mais do que as circunstâncias permitiam, deixando que o cansaço de sucessivas greves esgotasse o potencial de contestação habilidosamente criado, mas mais desajeitadamente mantido.
António Costa tem a seu favor o quanto fez para melhorar os rendimentos da grande maioria dos portugueses nesta legislatura, mas sempre com a preocupação em manter as contas certas, recuperar credibilidade nos mercados financeiros internacionais e, mesmo que por muitos incompreendido, assegurando a recuperação da estabilidade do nosso sistema bancário.
Confie-se que, nos próximos quatro anos, assim continue a acontecer. Com consolidação do que já se conseguiu nessa melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, mas sem dar passos mais largos do que a perna.
Comparando com o primeiro-ministro, cada aparição de Rui Rio vai agravando a sensação de estarmos perante um discurso patético, para não avançar já para o que se torna evidente: uma dimensão pateta do que vai afiançando. Depois do flop com a colagem à fracassada pugna com os camionistas, ei-lo ora a dispor-se a integrar a alargada geringonça, ora a propor TGV’s - que o seu partido bloqueou quando o financiamento europeu o poderia ter exequibilizado -, ora a querer agora construir um novo aeroporto em Alcochete. Rio vai lembrando aqueles atores, que entram em cena, esquecem a deixa, e só a debitam quando já deixou de fazer sentido.
Cristas consegue competir com ele em tolice voltando de férias com a carga da megalomania novamente levada ao máximo: embora a campanha de rua decorra pífia, não hesita em anunciar uma maioria das direitas, que lhe darão ensejo a reassumir jactância ministerial.
E assim vai decorrendo a contagem decrescente para uma reeleição anunciada.
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