terça-feira, 24 de setembro de 2019

Algumas conclusões sobre o debate a seis na RTP


O último grande debate entre os partidos com representação parlamentar resultou num confronto de cinco contra um em que António Costa conseguiu bater-se galhardamente contra todos os argumentos a si apresentados. Nem necessitava de recorrer aos seus experientes dotes de tribuno, porque tudo quanto aconteceu nestes quatro anos suscita um balanço tão positivo, que nenhumas falácias conseguem questioná-lo.
Podemos rapidamente sintetizar a participação esperada de três dos que contestaram o governo. Jerónimo de Sousa comportou-se como de costume: é um homem honesto e educado, que suscita o respeito, mesmo quando as suas divergências parecem algo desajustadas da realidade, mormente nas alterações introduzidas nas leis laborais. Cristas entregou-se ao habitual número da «peixeirada», continuando sem aprender a lição de, com tal estratégia, se tornar odiosa. Mas compreende-se que, à beira de perder metade do atual grupo parlamentar, o desespero a ponha em bicos de pés a tentar que não a esqueçam. Por seu lado Rui Rio disse, com graça, aquilo que foi uma evidência: beneficiou de não pagar bilhete para ver da primeira fila os outros a discutirem.
Vamos, então aos dois casos remanescentes, começando por André Silva. É hoje uma evidência que o PAN é uma coisa oportunista, nem carne, nem peixe - ou seja, nem de direita, nem de esquerda! - em que está sempre presente o espírito marxista na versão Groucho: têm os seus princípios, mas se deles não gostarem, estão sempre prontos a adotarem outros, que os beneficiem em votos. Daí que, depois de esgotarem o capital decorrente de se mostrarem amigos dos animais e já não conseguindo iludir mais ninguém com a pouco credível viragem pró-ecologista, eis que o seu líder apareceu a vestir a máscara de Paulo Morais, dispondo-se a ser o novo campeão populista das denúncias sobre a corrupção. Manobras deste tipo conseguem enganar alguns por um prazo muito curto, mas trazem consigo a anunciada morte após breve fulgor. Viu-se com o partido eanista, com o dos reformados e até, recentemente, com o do Coelho madeirense. É que se há quem lhe ache graça durante algum tempo, depressa ela se embacia.
E chegamos a Catarina Martins. Porque ela vai dando razão ao lamento já aqui assumido da falta que João Semedo faz na direção do Bloco. Porque, sem a sua sapiência, torna-se presa fácil do incurável sectarismo de Louçã, que continua a aproveitar-se da imaturidade da atual líder e das irmãs Mortágua.
Fazendo valer a formação teatral Catarina comportou-se como aqueles encenadores, que passam a primeira parte das peças a manter a atenção dos espectadores em lume brando, preparando-o para um momento de clímax perto do final. E aí saiu-lhe um ataque, que não se enquadrou na forma como o debate vinha decorrendo, para pôr António Costa em xeque.
A coisa saiu-lhe desajeitada e ela sentiu-o ao levar a devida resposta. Quando o quis corrigir, a emenda saiu-lhe pior do que o próprio erro. E assim deixou o Bloco a merecer a votação não tão avultada quanto as sondagens lhe creditam, quando soarem os gongos de 6 de outubro.

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