Esta foi uma semana em que poucos terão passado ao lado da terrível fotografia de Oscar e Valeria enlaçados junto à margem do Rio Grande depois de nele se terem afogado. Seguiu-se a discussão entre quantos acharam ser inaceitável que, mesmo pelos melhores motivos, se publicasse uma imagem tão insuportável e quantos consideraram legítima a sua utilização como forma de expor a desumanização de Trump, Salvini & Cª, efetivos responsáveis pelas inúmeras e quotidianas mortes de quem apenas procura melhor forma de se sustentar e dar futuro aos filhos.
Confesso a minha inicial reserva sobre a publicação da macabra imagem, mas cheguei ao fim-de-semana definido sobre qual a opção mais correta, sobretudo ao ver um energúmeno a dela dizer cobras e lagartos, elogiando os métodos do pseudo Mussolini italiano e dos países do leste europeu, logo procurando causar medos primários sobre um suposto afluxo de latino-americanos à Europa como resposta à eficácia trumpiana em impedi-los de chegar ao território norte-americano. Aconteceu essa odiosa prestação na edição de sábado do «28 minutes» no canal ARTE com a representante da Amnistia Internacional e a escritora Leila Slimani a quase não conseguirem conter a indignação com o que ouviram, só faltando que se levantassem e lhe dessem merecida coça.
Estamos numa época em que os Direitos Humanos continuam a ser desrespeitados e não há como impedir gente eleita por eleitorados mentecaptos de os espezinhar continuamente. Por isso mesmo é necessário chocar, confrontar quem vota em criminosos com as consequências das suas escolhas. Dando-lhes os rostos das vítimas, quando ainda se alimentavam de vãs esperanças e não podiam imaginar quanto seriam trágicos os seus súbitos desenlaces. Talvez nalguns soe um rebate de consciência e sintam o imperativo humanista iluminar-lhes a turva mente. Porque só recuperando os valores da fraternidade, da solidariedade, aliados aos da liberdade e igualdade, se conseguirá devolver à espécie humana a expetativa de uma sociedade verdadeiramente civilizada...
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