Dias atrás Manuel Carvalho da Silva considerou que ”é fácil perceber o que a Direita quer: degradar a capacidade de resposta dos serviços públicos em todas as áreas possíveis para os substituir por outros, privados, pagos por recursos públicos”.
A coligação de interesses que congrega as Ordens profissionais das áreas da saúde com os grandes grupos privados para a sangria de médicos, técnicos e enfermeiros dos hospitais públicos concorre para esse objetivo. Quanto mais piorarem os indicadores de capacidade de resposta na assistência aos doentes, melhor se expandirá a falácia sobre a suposta eficiência dos concorrentes privados e do setor social em darem-lhes satisfação a custos mais baratos ... pagos pelo Estado, claro!, que já não teria, então, padrão de comparação para demonstrar quanto isso seria falso. O ideal para as direitas seria que os doentes ganhassem «liberdade de escolha» e o Estado pagasse a fatura, mesmo que dela constassem os muitos exames e operações desnecessárias em que o setor privado é tão pródigo conquanto tenha a garantia de haver quem os pague.
É por isso mesmo que na discussão sobre a nova Lei de Bases dou razão aos que querem acabar com as PPP’s, porque mantê-las como possibilidade, mesmo que remota, equivaleria a aceitá-las como cavalo de Troia pronto a revelar a venalidade em circunstâncias propícias para os interesses de quem as queira vir a usar.
Tratando-se de setor que os grandes grupos financeiros olham com particular gula - como se viu durante a visita de Trump a Inglaterra em que assegurou ser aquele em que interesses norte-americanos mais interessados estarão aquando da privatização subsequente à efetivação do Brexit! - o que se passa atualmente em sede parlamentar não nos pode deixar indiferentes.
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