sábado, 8 de junho de 2019

Guruzinhos de pacotilha


Se em tempos idos grandes nomes da nossa cultura estiveram exilados no mundo anglo-saxónico - nomeadamente Jorge de Sena e José Rodrigues Miguéis! - apenas nele subsiste o notabilíssimo Onésimo Teotónio de Almeida, que tanto nos tem dado a saber sobre a nossa própria identidade.
Por lá andam, igualmente, uns académicos bacocos, que peroram de cátedra como se o olharem de fora o país lhes desse sapiência bastante para debitarem umas «pérolas» a nós, pobres mortais residentes neste cantinho à beira-mar plantado, devotamente agradecidos pelo «favor» de nos aconselharem os rumos a seguir.
O Álvaro dos pastéis de nata revelou-se o mais patético e convenhamos que pateta! Passos Coelho trouxe-o até nós como se fosse indiscutível oráculo mas logo teve de o mandar embora, quando compreendeu a fraude em que se deixara cair. Despeitado com o país, mas valendo-se do breve curriculum ministerial, o oportunista acoitou-se na OCDE onde tudo faz para deturpar números e relatórios de forma a causarem máximo dano ao país. Além de conseguir bem remunerado emprego para a vida, o falso guru revela-se mesquinho no ressentimento de se ter visto desmascarado como embusteiro.
Ricardo Reis é outro exemplo elucidativo de como nomes de grandes poetas (ou seus heterónimos!) são pervertidos por quem olha para a economia & finanças como terreno fértil para expor bafientos conceitos ideológicos. Tal qual Vítor Gaspar, também ele transferido para o mesmo universo de língua inglesa, ainda que com o oceano a separá-los, muito lamenta que o Estado não se tenha reduzido a expressão infinitamente pequena, impedindo que a sua tão adorada mão invisível dispusesse de maximizada desregulação para melhor afirmar a sua ganância. Ele e o seu gémeo na banca inglesa, Horta Osório, atiram para o ar umas quantas banalidades e têm os nossos «jornaleiros económicos» a babarem-se com tanta genialidade.
Reservemo-nos enfim para Nuno Garoupa, que o Pingo Doce foi buscar ao Illinois para abrilhantar a sua Fundação, tornando-o seu máximo responsável. O namoro foi breve e deu em divórcio, mas logo a rival SONAE lhe garantiu tribuna certa no seu jornal diário. A ambição do estrangeirado depressa se explicitou: liderar um novo partido liberal, que servisse de resposta à manifesta obsolescência do PSD e do CDS, para mais utilmente representar os interesses da grande burguesia nacional e internacional, constituindo vistoso governo das direitas.
As eleições europeias de 26 de maio esclareceram-lhe as expetativas, reduzindo-as a zero. Desiludido, anunciou que regressaria ao silencio donde emergira como grande esperança dos titereiros da direita nacional, abandonando de vez esta pátria, que provavelmente julga não o merecer. Com ele cai mais um daqueles mitozinhos, que os suspeitos do costume tanto gostam de promover e depressa se revelam inócuos na sua insignificância.

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