Demografia, digitalização, descarbonização e desigualdades são os quatro desafios apontados pelo Partido Socialista para serem vencidos nos próximos anos, como Pedro Marques recordou num artigo inserido numa das edições do «Público» deste fim-de-semana. E quem os poderá concretizar senão quem nestes quatro anos deu provas de traduzir o que prometeu em resultados concretos corroborados pelos indicadores oficiais?
O aumento da natalidade só será possível quando os jovens sentirem a segurança de contarem com empregos sólidos e bem remunerados, condições imprescindíveis para formarem as suas próprias famílias. Detivessem as direitas o poder e seriam suas receitas a precariedade e as baixas remunerações. O decréscimo da natalidade persistiria uma inevitabilidade até pelo fluxo de quem a poderia assegurar para a emigração, que Passos Coelho considerava alternativa para quem não apresentava perspetivas de futuro.
A digitalização é outro desafio, que distingue as esquerdas das direitas, porque estas pretendiam reconverter os portugueses em mão-de-obra barata para indústrias de escasso valor acrescentado, que fariam deste cantinho ocidental da Europa uma réplica do Bangladesh ou do Vietname. Ao invés, através da Web Summit, que trouxe para Lisboa durante dez anos, e outras decisões políticas orientadas para a economia digital, o governo de António Costa tem por estratégia uma crescente qualificação dos portugueses para serem resilientes face à transformação dos meios de produção, mais dependentes de quem os conceba do que de quem os manuseie porque, para isso, não faltarão robôs e outras soluções informáticas.
A descarbonização está, igualmente, na ordem do dia, acelerando a reivindicação coletiva quanto à imposição de um estado de emergência climática. Isso mesmo ficou patente nas recentes eleições europeias, quando a ascensão dos movimentos e partidos ecologistas retirou atualidade à dos de extrema-direita, afinal a contas com os sinais da sua merecida decadência. Aliar o socialismo às preocupações com a sustentabilidade do planeta constitui a resposta para a urgente adaptação das esquerdas aos dias futuros, correspondendo às justas inquietações da geração personificada pela sueca Greta Thunberg.
E chegamos às obscenas desigualdades, que ainda separam os muito ricos de quantos mal conseguem sobreviver. Ao longo dos últimos cento e cinquenta anos têm sido elas a constituírem o foco dos partidos e movimentos de esquerda e continuarão a sê-lo enquanto não se infletir a tendência para que a globalização, comandada pelos interesses financeiros, o agravamento da distanciação de rendimentos entre o tal 1% de plutocratas e os restantes 99%. É por isso mesmo que o futuro do planeta, ou será Socialista, ou resultará num terrível Apocalipse.
Porque a Humanidade, mesmo incorrendo demasiadas vezes em recuos em relação aos saltos civilizacionais, que as Revoluções projetam, acaba sempre por retomar a direção da sua própria sobrevivência, só poderemos ser otimistas em relação aos trilhos que percorrerá.
Nestes quatro desafios eles estão claramente definidos.
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