quinta-feira, 27 de junho de 2019

O que custa remediar o que estragado ficara


Não é preciso fazer estudos de engenharia para retirar da observação da realidade uma conclusão de senso comum: destruir algo é fácil, recuperá-lo ou restaura-lo custa muito mais. Sendo assim os quase quatro anos e meio de que Passos Coelho e Paulo Portas dispuseram para, com a conivência de Cavaco Silva, destruírem o país, não se compadecem com os três e meio já assumidos pelo atual governo para recompor os cacos em que deixaram muitos setores da economia, mormente os que decorriam do setor público por eles entendido como inimigo a abater.
Não se podem aceitar as alegações dos defensores desse tenebroso passado quanto a já ter havido tempo para remediar o que quase ficou irrecuperável. Na Saúde só agora foi possível devolver a dimensão orçamental praticada quando era Sócrates o primeiro-ministro. E nos transportes andam-se agora a reabrir  as oficinas da CP em Guifões para aumentar a capacidade de manutenção e reparação das carruagens necessárias para melhorar o serviço prestado por uma empresa pública que, por vontade de Passos & Portas, estaria entregue atualmente ao setor privado. Com sentido estratégico o governo acaba, igualmente, de anunciar a intenção de fazer nessas recuperadas oficinas a montagem dos 22 novos comboios, entretanto encomendados. Não será difícil crer que, depois de terem sabotado o transporte ferroviário para melhorarem as condições em que os privados os pudessem adquirir, Passos & Portas tenham o desgosto de o ver valorizado nos próximos anos retirando-lhes razões para continuarem a bater-se pela sua privatização.
Noutra área da governação, a da Segurança Social, também se anda a recuperar o descalabro em que o governo anterior a deixou, com a redução drástica do seu número de trabalhadores. Agora são tratados diariamente 850 pedidos de pensões e o número dos que estão à espera de decisão diminuiu para 42 mil.
Não é só no que depende do Estado, que a situação tende a melhorar. Do sector privado veio a notícia da rendição da Corticeira Fernando Couto ao reintegrar Cristina Tavares, a operária que despedira depois de odioso assédio moral. É por sentirem que os tempos não lhes correm de feição, que os patrões das empresas privadas andam a mostrar-se menos execráveis, porventura pensando que lá virão (para eles) melhores dias.
Esperemos que aguardem sentados por muito tempo porque é tempo de recuperar o Humanismo como valor fundamental a ser respeitado a nível global, seja com os refugiados salvos do Mediterrâneo, e que o horrendo Salvini desejaria ver afogados em vez de lhe baterem à porta, seja contra Trump a quem a candidata democrata Kamala Harris inculpou pela morte de Martinez Ramirez e da sua filha Valeria bem como de todos quantos estão a sucumbir às nefandas restrições para alcançarem os Estados Unidos.  A recuperação da importância da dignidade, das aspirações e capacidades humanas em detrimento dos interesses dos monopólios e outros titereiros do capitalismo selvagem, constitui a maior prioridade dos tempos atuais.

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