Embora militante socialista reconheço o quanto os excelentes resultados da atual governação têm de ser partilhados com quem os possibilitou: os parceiros da maioria parlamentar.
Não existisse uma convergência de objetivos muito concreta e bem oleada graças à permanente comunicação entre Pedro Nuno Santos e os seus interlocutores no PCP, no Bloco e nos Verdes, e dificilmente António Costa teria conseguido vencer todos os desafios, que até agora se apresentaram.
Creio igualmente que, neste momento histórico, há muito mais a separar o PS dos partidos das direitas que daqueles com quem se enfatizam as divergências a respeito da Europa e da reestruturação da dívida. Bem tentam os suspeitos do costume manter a tese de se tratarem de questões de insanável resolução, que realmente no fundamental - a regularização dos precários, o aumento do salário mínimo, a revisão das tabelas do IRS, etc. - partilham-se os objetivos, aposta-se na sua concretização, apenas se ajustando a vontade de uns avançarem mais depressa e outros, prudentemente, alargarem-lhes o calendário.
É por isso asquerosa a contínua intenção dos que falam pelas direitas em continuarem a tratar o PCP ou o Bloco como se fossem párias, ora acorrentados por Costa para lhes limitar a ferocidade, ora pérfidos na forma como estariam a exercer o poder sem que a maioria desse por isso.
Há muito se justificaria que se transferisse para o PSD e para o CDS esse ostracismo, tendo em conta o quanto se colocam à margem das aspirações e da defesa dos interesses da grande maioria dos portugueses. Eles constituem o vírus que, se reinoculado, causaria nova agudização da mais grave doença nacional: a da descrença nas suas competências e capacidades. Ora os portugueses estão a gostar deste clima de confiança em que um melhor futuro parece vir a ser possível. E pretendem que ele perdure por muitos e bons anos...
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