De súbito a nossa imprensa calou-se sobre o que se irá passar nas eleições inglesas do dia 8 de junho. Enquanto as sondagens apontavam para o sucesso retumbante da jogada oportunista de Theresa May, que estaria à beira de dar histórica vitória aos conservadores, não faltavam artigos e comentários televisivos a escarnecerem do líder trabalhista, apontado quase como personalidade do tempo das cavernas.
Essa gente já salivava de prazer perante a expetativa de, através da esquerda inglesa, atacar a que serve de apoio parlamentar ao governo socialista.
Afinal parece terem ditado a «morte» politica de Corbyn demasiado cedo. Não o escutaram, quando ele reagiu à antecipação das eleições com a afirmação de estar preparado para disputá-las, nem se recordaram como os ainda súbditos de Sua Majestade são dados a tais imprevisibilidades como o bem sentiu Churchill, que, de celebrado vencedor da Segunda Guerra Mundial, se converteu no humilhado perdedor das eleições vencidas por Atlee.
As previsões desta semana - mesmo condicionadas pelas emoções do atentado de Manchester - confirmam uma dinâmica de aproximação progressiva dos trabalhistas em relação aos conservadores, dando a estes uma maioria relativa muito apertada.
Apoiado sobretudo nos jovens, que lhe admiram a fibra republicana de se recusar a alinhar no coro do «God Save the Queen», Corbyn está a seduzir quem concorda com as suas propostas de renacionalização dos correios e do transporte rodoviário, começando a reverter os crimes políticos cometidos pela sinistra Margaret Thatcher.
Os sindicatos têm nele um vigoroso defensor do regresso às negociações coletivas de trabalho e os estudantes esperam o fim ou a redução das elevadíssimas propinas. E a City, já abanada com a votação no Brexit, ainda mais se apavora com a prometida regulação e o controle financeiro sobre o Banco Central.
Compreende-se bem o quanto devem andar inquietas as almas, que já davam a vitória de May como favas contadas.
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