Nunca fui um entusiasta da solução política defendida por Manuel Pizarro para manter o Partido Socialista na partilha do poder na segunda cidade do país. Porque sempre antipatizei com Rui Moreira em quem não foi difícil identificar, desde início, o carácter de demagogo de direita com as inerentes e frequentes reações do mais descarado populismo.
Não posso, pois, confessar-me surpreendido com a rutura agora anunciada a pretexto de declarações sucessivas de Ana Catarina Mendes.
O que até agora transpirou do caso é muito pouco, mas faço votos para que a secretária-geral-adjunta, ao mesmo tempo que emitia sinais de desconforto com a arrogância crescente do autarca, tenha preparado um plano B pronto a implementar-se e com potencial para o derrotar.
Esplêndida seria a possibilidade aventada hoje pelas redes sociais em que as esquerdas se conjugassem para, unindo-se, darem o passo seguinte que muitos esperam da atual maioria parlamentar: um teste à escala local para a sua tradução em responsabilidades governativas.
Por muito que tivéssemos de aturar o ajuntamento de carpideiras, depressa reunidos em torno de Moreira, chorando com ele as obstruções dos partidos contra as candidaturas ditas «independentes», obter-se-ia uma merecida e fria vingança contra quem tem reiteradamente demonstrado pouca sintonia com os valores inerentes a uma Democracia.
A menos de cinco meses da ida às urnas há muito trabalho à espera dos socialistas portuenses. Façamos votos para que sejam bem sucedidos no desafio, que hoje lhes foi feito. Moreira é só mais uma dessas «virgens virtuosas», relativamente abundantes na nossa vida pública nos últimos anos, e abundantemente representada por alguns dos candidatos às últimas presidenciais. Gente que, mesmo tendo estado dentro dos partidos, deles dizem o pior, como se fosse possível descartá-los sem por em causa os direitos fundamentais reconhecidos pela nossa Constituição.
Lamente-se, ainda, a reação dos moribundos do segurismo, que julgaram ter aqui matéria para darem mostras do seu incurável despeito por terem sido reduzidos à mais humilhante das irrelevâncias. Infelizmente continuam a ser uma espécie de tumores, na maioria benignos, que insistem em prejudicar o projeto político criado por António Costa com os excelentes resultados, que a realidade se encarrega de demonstrar todos os dias...
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