1. Como seriam os noticiários televisivos se dessem conta das sucessivas marés humanas, que António Costa suscitou em todos os sítios por onde passou este fim-de-semana?
Foram milhares no Porto e centenas um pouco por todo o lado onde esteve nos distritos do Norte do País.
Continuariam os comentadores a referirem como credíveis as sondagens, que apontam para um empate técnico com a coligação de direita?
É verdade que, para o PSD e para o CDS, a descida dos 50,35%, que somaram nas legislativas de 2011, para os 35% com que são creditados nessas sondagens, já constitui uma descida abrupta, que não consegue disfarçar o facto de nunca, desde 1974, a direita ter ficado tão desapoiada pelos eleitores do nosso país.
Daí que os tenores da direita intimidados com a antevisão de derrota nas presidenciais não se atrevam a apresentar candidatura antes de 4 de outubro. É que, mesmo ignorado pelos meios de (des)informação, Sampaio da Nóvoa não terá dificuldade em derrotar o mediático marcelo se conseguir apoio de grande parte dos que irão votar no PS, no PCP e no BE.
Teremos, pois, um mês de completa dessintonia entre o que mostram as televisões e o que se pode detetar nas ruas e praças do país. Mesmo que os seus diretores de informação saibam que um dos grandes temas da noite eleitoral venha a ser o da diferença entre essas sondagens e os resultados reais.
2. Nas diferentes intervenções deste fim-de-semana, António Costa afinou pela mesma tónica: o PS não está a jogar para o empate.
“Há os que se podem entusiasmar pelos comentadores e jogar para o empate, mas nós, no PS, o que nos entusiasma não são os comentadores, mas são os eleitores. Não jogamos para o empate, jogamos para ganhar.”
Passadas algumas vicissitudes, que a direita explorou até à exaustão, e os jornais e televisões exponenciaram para imporem a tese de se terem tratado de episódios com substância, a campanha do PS está a ganhar força e promete ser crescentemente ostensiva até ao primeiro fim-de-semana de outubro.
A própria mensagem está a descomplexificar-se e a concentrar-se no que é essencial e todos percebem: “Chamo a atenção só para um exemplo muito em particular: na anterior campanha, ele jurou que não cortaria as pensões e cortou-as. Desta vez já se atreve a dizer que vai cortar 600 milhões de euros nas pensões. Imaginem, por isso, o que é que faria se voltasse a ganhar as próximas eleições”.
Estando consagrada nas próprias sondagens a essência mentirosa da personalidade de passos coelho, e sendo a questão da Segurança Social de uma acuidade tão pertinente, António Costa multiplicará apoios ao denunciar a intenção da direita em atacar “o sistema público de pensões, privatizando parte da receita das pensões para financiar fundos de pensões privados”.
Como se tem visto com o ocorrido no BES, passos & Cª não se importam nada em espoliar as famílias dos seus rendimentos conquanto eles possam transferir-se para os que já quase tudo têm.
3. Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé. Ou, por outras palavras, se José Sócrates se calar até 4 de outubro para (segundo os tais “comentadores”) não prejudicar a campanha do PS, as televisões e os jornais mais empenhados no apoio à coligação PAF, não estarão dispostos a esquecê-lo de forma a omitir tanto quanto possível as notícias sobre as intervenções de António Costa. E um exemplo vi-o nas notícias da SIC da hora do almoço em que esmiuçaram quem e como comprou a casa onde o ex-primeiro-ministro está a residir ou o percurso empresarial da pessoa com quem o dizem afetivamente relacionado.
Não foi o rapaz da pizza, mas não deixou de ser a mesma indecorosa bisbilhotice para alimentar a curiosidade malsã de uns quantos detratores.
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