sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Maré viva a avançar...

Não é que seja novidade na nossa Democracia, mas dificilmente podemos encontrar exemplos mais despudorados da forma como a comunicação social anda alinhada na tentativa de levar a direita ao colo até às eleições.
À hora do almoço a SIC abordava as ações de campanha ontem verificadas em Lisboa e, segundo relatava, enquanto a coligação PAF teria conseguido arregimentar "3500 pessoas", o PS não conseguira melhor do que um “pavilhão cheio”. Enquanto as câmaras destacadas para o primeiro daqueles comícios procuravam dar planos de ilusória multidão com o velho truque das bandeiras, as do segundo focavam os que, nas bancadas ou nas periferias, pudessem desmentir a ideia de enorme afluência. E se sabemos que o pavilhão da Ajuda esteve a transbordar, com militantes e simpatizantes a ficarem à porta por já não haver possibilidade de contemplar esse excesso de lotação, é porque quem lá esteve assim o comprovou.
Mas o cúmulo do despudor verificou-se na entrevista de vitor gonçalves a António Costa na RTP Informação. Maldosamente, no Expresso Curto, outro jornalista ostensivamente de direita - Martim Silva - entendia que o secretário-geral do PS se tinha comportado como o “animal feroz”. O que foi falso, porque António Costa nunca perdeu a compostura, mantendo a frieza, mas igualmente a firmeza com que denunciou o interlocutor como porta-voz de passos coelho.
De facto, toda a entrevista foi estruturada de forma a procurar mimetizar as habituais narrativas com que a direita procura menorizar António Costa. O problema é que, tal qual passos coelho se revelou inábil a utilizar a cartada Sócrates, também o seu apaniguado na RTP foi, igualmente, incapaz de levar a bom porto a maliciosa estratégia que preparara.
António Costa está em grande forma nesta fase da campanha: o discurso deixou de se orientar apenas para os mais informados e integra conteúdos que todos os portugueses compreendem bastante bem.  É por isso mesmo que se sente a maré a crescer até chegar à preia-mar a 4 de outubro. E como maré viva, que se revela, promete arrastar à sua frente os afanados obstáculos, que passos & Cª representam.

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