A possibilidade de Portugal receber uns milhares de refugiados de entre os que têm atravessado o Mediterrâneo motivaram uma campanha criminosa de uns quantos xenófobos para os quais não faz sentido a palavra «Humanismo». Não chegaram à selvajaria da repórter húngara filmada a pontapear crianças e a rasteirar um pai, com um dos filhos ao colo, mas a sua natureza é a mesma. Existem, de facto, biltres entre nós e, quase todos situam-se politicamente na direita e na extrema-direita.
Quem disse que as ideologias tinham deixado de se justificar estava apenas a pretender impor uma perspetiva favorável a esta negação do que deve ser um comportamento civilizado. É que, na votação de 4 de outubro, põe-se uma escolha semelhante entre os que encontram sentido na solidariedade e na defesa de uma sociedade mais justa e igualitária e, os outros, aqueles que pensam que o futuro favorecerá os egoístas e os gananciosos da sua espécie.
Adaptando uma fórmula bem conhecida, e erroneamente usada por um conhecido parlapatão, estamos a viver um choque entre conceitos civilizacionais, e eles nada têm a ver com religiões ou etnias. Ambos decorrem da inevitável luta de classes, que Marx teorizou e se mantém plenamente atual nos nossos dias, mesmo se o proletariado e a burguesia se tenham ofuscado para dar lugar a uma definição bem mais simplista: pobres e ricos.
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